Estamos em maio de 1974, a Revolução dos Cravos aconteceu há poucos dias; o povo vibra com o fim da ditadura e a esperança de um tempo novo. Finalmente é possível comemorar o Dia do Trabalhador, o primeiro 1º de maio do resto das nossas vidas.
A praça Francisco Rodrigues Lobo, no centro de Leiria, acolheu, no dia 1 de maio de 1974, uma multidão vibrante, que comemorou o 25 de Abril e a Liberdade, os direitos dos trabalhadores, a democracia e o fim da ditadura. Em poucos dias perdeu-se o medo e a censura foi banida.
O REGIÃO DE LEIRIA deu grande destaque à manifestação que encheu a sala de visitas da cidade, publicando no dia 11 de maio uma das mais belas capas da sua história. A fotografia que ilustra a primeira página é de José Fabião e foi tirada da varanda do Ateneu.
“Em Leiria, realizou-se a anunciada manifestação comemorativa do 1º de Maio, que foi pretexto para, na Praça Rodrigues Lobo, se juntarem muitos milhares de pessoas, que se manifestaram por ter sido mudado o rumo da História, com o Movimento vitorioso do 25 de Abril”, refere o REGIÃO DE LEIRIA logo na abertura da notícia.
Veio gente de muitos pontos da região, que saudou “um grupo numeroso de soldados que transportavam a bandeira nacional”. A sessão começou com a praça a cantar o “Grândola Vila Morena” e logo depois o Hino Nacional, numa tarde onde “foram lançados 400 pombos-correios, como símbolo de paz e amor, que deve reinar na nova era do Povo Português”.
A tarde ficou marcada também por discursos. Um aspirante militar agradeceu as manifestações feitas “às forças armadas” e prometeu confiança na Junta de Salvação Nacional. “O povo unido jamais será vencido” ouviu depois intervenções de um estudante, uma professora primária, um dirigente sindical, um professor do ensino secundário e um dos emigrantes em França que “vieram propositadamente para assistir a este tão festivo dia”.
A praça foi sobrevoada “por aviões da Base de Monte Real que vieram associar-se à manifestação, sendo saudados com palmas e vivas”, sendo depois entoado o Hino Nacional. Este primeiro 1º de Maio contou com as operações de patrulhamento da Polícia Militar “com cravos nas pontas das espingardas” e terminaria com um desfile pelas ruas da cidade.
