O programa que trouxe de volta à ilha da Berlenga as aves marinhas, como a cagarra, está em risco de acabar devido à falta de financiamento. Segundo a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), o próximo orçamento europeu proposto pela Comissão Europeia pode “colocar fim ao programa LIFE enquanto instrumento autónomo”.
“A SPEA manifesta preocupação com as recentes propostas da Comissão Europeia para o Quadro Financeiro Plurianual 2028-2034, especialmente devido ao potencial fim do Programa LIFE”, diz a associação, em comunicado.
Deixando de existir como programa autónomo, o LIFE passa a integrar o novo Fundo Europeu para a Competitividade o que significa, de acordo com a SPEA, “que os projetos de conservação terão de competir diretamente com outras áreas prioritárias, como a energia e a economia circular”, sem ter garantia de financiamento.
Na ilha em Peniche, o programa está a ser desenvolvido desde 2014 e, até agosto passado, mais de 300 voluntários tinham-se juntado para retirar o chorão da Berlenga, numa quantidade equivalente a mais de três campos de futebol. O esforço resultou no regresso de plantas nativas à ilha e aves marinhas, que puderam voltar a fazer ali os seus ninhos.
A SPEA insta o Parlamento Europeu e os Estados-Membros a assegurarem financiamento próprio para o projeto e “suficiente para a conservação da biodiversidade”.