Devia ser obrigatório um período de descanso pós-férias para prevenir a depressão pré-trabalho. Em férias, a monotonia enrola-se-nos nas circunvoluções cerebrais, embalada pelos discursos bronzeados da rentrée política e deixando-nos num estado de letargia que nem umas noites a “abanar o capacete” conseguem ultrapassar.
O início do ano escolar e os problemas das colocações dos professores no ensino básico e secundário, as transferências do futebol e as eternas e esfarrapadas justificações para os incêndios – que nem este ano, com as consequências catastróficas que tiveram, foram diferentes das que ouvimos, impotentes, há duas ou três dezenas de anos – dão-nos aquela certeza de que, com a troika ou sem a troika, em setembro lá voltaremos à normalidade da nossa vida.
Este verão, o primeiro alcatrão eleitoral, espalhado por algumas artérias, começou a mostrar a sua beleza fugaz – o alcatrão eleitoral costuma ser como o bronzeado artificial e à base de óleos: dura pouco. Cumpre a sua difícil missão de nos fazer esquecer em quatro semanas o que não se foi fazendo em quatro anos.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>E assim fomos acabando com as férias e entrando em pré-trabalho. Que tristeza. Aviem-me uma caipirinha que estou a ficar deprimido.
(texto publicado na edição de 12 de setembro de 2013)