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No País da troikada: Subir, ou não subir

Fora eu o William (o Shakespeare, note-se) e esta seria sem dúvida a minha análise da manif do passado dia 6 das nossas polícias.

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João Paulo Marques, professor do Ensino Superior Politécnico joao.paulo@regiaodeleiria.pt

Fora eu o William (o Shakespeare, note-se) e esta seria sem dúvida a minha análise da manif do passado dia 6 das nossas polícias. Retórica, indiscutível, mas de pouca arte, de um lado e de outro. De um gritava-se “não subimos porque não queremos”; do outro dir-se-ia (eu não ouvi porque o megafone dos polícias a sério – os fardados e de serviço, que não puderam ir à manifestação – naquele dia… era fraquito, mas tenho uma imaginação imensa) somos todos colegas mas não os deixamos subir. As imagens mostraram que subiram. Mas subiram só um bocadinho. Para não parecer mal. Afinal havia que justificar a presença daquele destacamento imenso. E nesta troika para cima, troika para baixo, até houve uns quantos feridos e presos e tudo. Parecia a Venezuela mas à nossa escala. São as nossas vulnerabilidades, como diz a dita troika na sua décima avaliação. Imaginamos que os polícias a sério são os mercados, o cassetetes são os juros, e cá em baixo está o pessoal a levar paulada. Nada de novo e a que não estejamos já habituados.

Para alegrar, a nossa seleção lá comeu uns camarões. Aqui na terra embandeirou-se em arco, com o estádio do ERRO 2004 cheio. Bonito de se ver. O problema é que isto só se consegue à custa de marisco. Se por acaso fossem lá jogar uns croquetes ou uns rissóis… não passaria dos 600 ou 700 espectadores que era o normal. E então com tremoço e amendoim, nem se fala.

(texto publicado na edição de 13 de março de 2014)