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A preto e branco: Lugares de saber

Os investimentos recentes feitos pela Parque Escolar geraram, além de buracos orçamentais, assimetrias profundas na vivência que os alunos têm da escola.

Elsa Rodrigues, professora elsardrgs@gmail.pt

Os investimentos recentes feitos pela Parque Escolar geraram, além de buracos orçamentais, assimetrias profundas na vivência que os alunos têm da escola.

A tendência natural é fazer equivaler melhoria de instalações a melhoria de aprendizagens e, consequentemente, de resultados. E como melhores escolas atraem mais e melhores alunos, oferecendo-lhes maior bem-estar, a equação não deve andar longe da verdade. Deste modo, as escolas não intervencionadas veem-se obrigadas a esforços acrescidos para compensar as condições que não têm e para competir em provas, exames e rankings, o que frequentemente gera situações de desigualdade e descontentamento. Por tudo isto espantou-me que, recentemente, quando interrogado sobre o grau de satisfação com as condições da sua escola, um aluno tenha respondido que ela tem tudo o que é necessário: salas e professores. Esta resposta revela a consciência profunda de que nenhuma escola, independentemente das suas condições, poderá fornecer aquilo que é essencial à aprendizagem: vontade de aprender. Mais importante, diz que esta poderá ser suficiente para ultrapassar as contingências físicas dos contextos.

Afinal, talvez as assimetrias possam ser corrigidas através de um investimento nesse material mais nobre que é a vontade, lembrando?nos que o saber não só não ocupa lugar como é relativamente independente dele.

(texto publicado na edição em papel de 27 de janeiro de 2012)