Habituada a ter mil e uma ocupações, decidi-me há tempos quebrar a rotina e refugiar-me à beira-rio, com a minha máquina fotográfica para usufruir de uns momentos de serenidade. Bastar-me-iam o barulho proveniente da queda das águas, as folhas murchas e amarelecidas a despedirem-se do Outono, num silêncio que gosto de perturbar pisando-as para ouvir um estalido que muito me recorda a infância e uma flor aqui e ali, aumentando o meu êxtase. Ao lado, uma ave que me observa. Aproximo-me e aguardo. Decido ficar a registar-lhe fotograficamente os trejeitos e os movimentos, até que se despeça. Por ali, só eu, ela e uma ou outra pessoa, de passagem.
Dou conta de que esta minha nova paixão, a fotografia, me tem ajudado a lançar um novo olhar sobre os edifícios, os momentos, as pessoas, os animais… Passei a ver Leiria com outro olhar e foi com surpresa que me dei conta de que muito me passava despercebido, na minha correria tresloucada. Pus-me a meditar como todos andamos na vida tão distraídos! Por isso, aqui fica um pequeno desafio: Relaxe um pouco e olhe a nossa cidade, como se o fizesse pela primeira vez.
Ah! É verdade! Restava-me dizer que aguardei pela partida da avezinha, tendo-me apetecido voar com ela. Há coisas assim!
(texto publicado na edição de 9 de janeiro de 2014)
