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A propósito: Por quem os sinos dobram

É com grande consternação que assisto aos últimos suspiros do Ateneu Desportivo de Leiria.

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Leonor Lourenço, professora bibliotecária leonorplourenco@gmail.com

É com grande consternação que assisto aos últimos suspiros do Ateneu Desportivo de Leiria. A notícia do jornal “Região de Leiria” não me apanhou totalmente desprevenida. Apesar disso não deixei de sentir, através dela, o golpe final e acutilante da sua esplendorosa existência. Não só porque, ultimamente, estive mais presente nas suas atividades, uma vez que aí participei com um grupo de músicos e de declamadores, mas também porque aí estão alojadas memórias de momentos passados que fazem parte da minha vida pessoal e afetiva: lançamentos de livros de familiares e de amigos, festas, agradáveis convívios, reuniões…

Após um restauro exterior e interior do edifício, nada faria prever que nos víssemos privados deste “relicário” tão antigo e que tanto orgulhava os leirienses. Aproveito para saudar todos os diretores e pessoas que contribuíram de forma sempre abnegada e sábia, para que este espaço atingisse um elevado nível cultural, recreativo e de referência.

O nosso património cultural, a nossa identidade clamam por uma atenção que não lhes podemos dar, como daríamos a um familiar moribundo. A todos nos entristece. Parece-me assim apropriada, neste contexto, a célebre frase de John Donne: “… por isso não perguntes por quem os sinos dobram, eles dobram por ti!”

(texto publicado na edição de 24 de outubro de 2013)