Concorde-se ou não com a nomeação de Vasco Graça Moura, não podemos negar que no primeiro mês de serviço o novo titular da Fundação Centro Cultural de Belém já deu nas vistas e mostrou, para o bem ou para o mal, tomadas de posição que podem abanar a estrutura do CCB e da política cultural nacional.
Deixemos de lado a mediática revogação do novo acordo ortográfico e centremo-nos no desafio lançado a todos os agentes culturais para apresentarem propostas que possam vir a integrar a programação de um dos mais nobres complexos culturais portugueses.
Usar o que de melhor se faz por quem está habituado a fazer é, na sua génese, meio caminho andado para potenciar o sucesso. Se bem aplicada (e não for usada para cumplicidades ou propagandismos) é uma política que resulta no CCB como em qualquer outro local ou sector.
Cada vez mais os espaços e entidades precisam de bons gestores que tenham noções de programação e não de programadores que diabolizem a gestão.
Diminuir os orçamentos não significa fazer menos ou pior, pode apenas significar o corte do excesso que nada produz e canalizar as verbas para quem realmente sabe fazer e o faz bem.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>Não tenho a mínima dúvida que, com conta, peso e medida, os agentes culturais conhecem melhor os públicos, conhecem melhor os intervenientes e emprestam outra criatividade e outra paixão àquilo que produzem. Se, por norma, fazem mais e melhor por menos dinheiro, devem ser pagos para isso e contribuir para a programação de outros espaços.
Se esta lógica tivesse sido partilhada e professada nos últimos anos à escala nacional, hoje estaríamos a colocar as indústrias culturais e criativas portuguesas no seio das que mais e melhor exportam.
Cada vez mais, acho que em vez de debates políticos precisamos de colocar candidatos a jogar “SimCity” ou “Civilization” e escolher aqueles que nos mostrem resultados. Nesta ronda Vasco Graça Moura jogou bem.
(texto publicado na edição em papel de 2 de março de 2012)