Se há uns anos me dissessem que um dia eu teria vontade de fazer as malas e partir, eu iria sorrir, esquecer o comentário e prosseguir com a minha vidinha.
Quão imprevisível é, contudo, a vida…
Todos os meses vejo pessoas a partir. Decididas. Corajosas. Fartas de um país que pouco apoia quem trabalha e quem quer lutar por uma vida melhor. Cansadas de um país que não protege a natalidade nem a educação dos filhos. Receosas deste país em que temos cada vez mais medo de adoecer e envelhecer.
E, a grande maioria que eu conheço, é gente muito válida, esforçada e trabalhadora, mas que não aguenta mais as náuseas de viver num país que se esqueceu das suas pessoas e em que quase parece proibido ter sonhos e ambições.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>O que nos falta entregar a este país em nome da austeridade? Já lhe entregámos os nossos subsídios e a nossa esperança. Já lhe entregámos tantas famílias que Portugal separou e incitou a partir. Já lhe entregámos tanto, mas nada parece ser suficiente.
Aqui em casa, já há malas que estão a ser preparadas, escondem-se lágrimas e antecipam-se saudades. Quanto a mim, tenho cada vez mais vontade de arrumar as minhas trouxas e ir embora também. Desiludida, embora não vergada, mas sem vontade de contrariar esta determinação enorme que me consome e me dá vontade de, também eu, partir.
(texto publicado a 23 de maio de 2013)
José Ricardo disse:
Triste e verdadeiro também é o sentimento de nós, brasileiros, com os desmandos que ocorrem com frequência na nossa política. Nossas autoridades pouco ou nada se importam com quem produz, trabalha e paga impostos escorchantes. Nossa educação, com professores mal pagos e com 'escolas de lata', além da progressão continuada, onde os alunos não repetem de ano mesmo não sabendo sequer entender o que escrevem, está criando uma geração de analfabetos funcionais. Aí, como aqui, estamos todos preocupados com o futuro. Terras produtivas sendo 'devolvidas' aos índios, que nada produzem, ameaçam o nosso destino de celeiro do mundo, onde nosso território é constituído de quase 100% agricultável durante quase o ano todo. Enfim, nossas perspectivas com relação à política é também sombria. Boa sorte a todos nós.
sofia disse:
Boa sorte, José Ricardo.
Obrigada pelo comentário.