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Mulher 3.0: Camaradagem por email

Quem tiver vergonha passa mal, já não sai do buraco.

Catarina Gomes, jornalista catarina.gomes.junior@gmail.com

Tal como muita gente, recebo imensos e-mails todos os dias. Subscrições, avisos, revistas e jornais, ofertas de empregos. Também recebo pedidos e mensagens bonitas que não são respondidas. E peço já desculpa ao Sr. Carmindo que me mandou um e-mail muito simpático ao qual não tive tempo de responder. Sr. Carmindo, o casamento gay é ok e a espécie humana não se extinguirá. Talvez com uma bomba atómica ou uma chuva de meteoritos, mas isso já é outra conversa. O tema aqui é outro: é a camaradagem social. Hoje quero falar-lhe da Sara, da Ana, e do Tomé. Da Daniela e da Ângela. Da outra Sara e da outra Ana. Novos, velhos, algumas carreiras mais desenvolvidas que outras. “Quero estudar”, “quero saber para onde irei depois”, “dicas para sucesso”. Paro, olho, e penso. Quantas vezes não fui eu uma destas pessoas? Quantas vezes não quis ter um mentor na porta ao lado ou à distância de um clique? A resposta não é fácil nestes casos. Estar desempregado não é uma escolha, é uma realidade. Os factos e estatísticas demonstram que acontece a todos, mas os sussurros revelam-me que as pessoas têm vergonha de se confessarem em público. Quem tiver vergonha passa mal, já não sai do buraco. Louvo antes as Anas e as Saras porque tiveram coragem de pedir ajuda. Agora, querido leitor, é tempo de encerrar este crónica, abrir uma janela do meu gmail e trocar umas linhas encorajadoras com um tal de João.

(texto publicado a 16 de maio de 2013)