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O meu diário: Bichos

Tenho três cães, um peixe e já fomos família de acolhimento de dois gatos. O nosso currículo é invejável.

Helena-vasconcelos
Helena Vasconcelos, médica hml.vasconcelos@gmail.com

Sim, eu gosto de bichos. Começo com esta frase, antes que alguma sociedade protetora dos animais me caia em cima com algum processo crime. Tenho três cães, um peixe e já fomos família de acolhimento de dois gatos. O nosso currículo é invejável em matéria de animais. Mas não posso de deixar de demonstrar o meu desapontamento perante o que vejo à minha volta.

A nossa sociedade está perdida. Os cidadãos estão desprovidos de senso. Ou são uns irresponsáveis e insensíveis que abandonam os animais ou, por outro lado, levam os animaizinhos ao colo como se de gente se tratasse. Há psicólogos para cães, há quimioterapia para tratar tumores de bichos, oftalmologistas de cães e gatos. Há imensos livros de puericultura animal que são um verdadeiro sucesso de livraria. Qualquer meu semelhante , vulgo gente, tem de ter prioridade sobre os bichos. Gente é gente e só por ser gente tem de merecer o nosso respeito. Claro que gosto mais do meu cão do que do delinquente que me assalta a casa, mas nunca o meu cão pode ser mais importante do que uma pessoa. Isso pode ser visto como uma visão cristã ou para os que não acreditam como um respeito pela espécie.

Abomino aquela moda de dar nome de gente a cães e gatos. De repente olhamos e o Tomás é um cão S. Bernardo e a Maria uma cadela labradora. Cão deve ser Bobby, Tejo, Mondego, Lassie, Rex, Nala, Daisy e em última instância Sporting (fica bem dizer ataca Sporting),mas nunca usar nome de gente.

Claro que me arrisco com esta conversa a despoletar a raiva nas sociedades zoófilas e a implementar a moda das cadelas e gatas Helenas. Paciência há sempre um preço a pagar pela frontalidade.