O tema da atualidade é os incêndios. Porque ardem tantos hectares em Portugal? E porque morreram tantos bombeiros este ano?
Sabe-se que a maioria dos incêndios tem origem criminosa e só uma pequena fatia cai na negligência. E se havia uma certa tolerância para este tipo de crimes, dado terem quase sempre só consequências materiais, hoje com a morte dos bombeiros são verdadeiros homicídios. Porque morreram tantos? Ou porque este ano existem fatais coincidências ou porque arriscam mais ou porque não tem a adequada formação. Qualquer que seja a razão morrer desta forma e com idades tão jovens representa uma profunda fatalidade e nós como cidadãos apenas podemos prestar uma sentida homenagem aos homens e mulheres que lutam por nós de uma forma voluntária e desinteressada.
Quem ganha com os incêndios? Os bombeiros não de certeza. A insignificância que ganham e o risco a que se expõem torna obscena esta hipótese.
Os que fabricam materiais para apagar incêndios? Esses talvez, mas teríamos que ter um pensamento ardiloso para descobrir uma relação causal assim imediata. Contudo, essa é uma hipótese a considerar. O combate a incêndios também representa um negócio.
E por último o negócio da madeira ardida. E esse, acho que seria fácil de travar ou pela sua proibição ou por o Estado a liderar esse processo. Quanto à selva que grassa nas nossas matas o Estado terá seguramente uma palavra a dizer.
Quase todos os incendiários são pessoas diminuídas e débeis mas urge descobrir a quem obedecem, que motivo os faz ter estas atitudes.
Mal estaremos nós, sociedade, se não soubermos usar esta desgraça para fazer uma profunda reflexão e investigação sobre isto tudo. Assim as vidas da Rita, do Bernardo, do Pedro e dos outros todos terão sido ainda mais em vão.
(texto publicado na edição de 29 de agosto de 2013)
