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O meu diário: La Féria

Eu sou fã do La Féria, o homem é um visionário que mudou o panorama artístico nacional.

hml.vasconcelos@gmail.com

Eu sou fã do La Féria, o homem é um visionário que mudou o panorama artístico nacional.

Criou entretenimento de mão cheia e soube trazer ao público menos eclético algum gosto pelo espetáculo. Conseguiu destacar-se pelas suas quase megalómanas produções e para quem gosta do género fez do melhor na sua área. Há várias décadas que trabalha, produz e descobre muitos talentos no panorama artístico nacional. Foi dos primeiros a destacar-se como empresário de espetáculo longe dos circuitos subsídio dependentes. A arte tem de ser ajudada mas tem que também tentar ser rentável, sobretudo na sua forma mais madura, mais profissional, mais consolidada.

O homem cometeu uma gafe das boas e foi de uma parolice extrema ao achar que não há mais nada do que Lisboa, Porto e a universidade de Coimbra. Lá está, gente mal preparada que não estuda os dossiers. Se há terra que tem sempre valorizado e promovido a cultura é esta. Por outro lado não se esqueçam que o homem já não vai para novo e a globalização é coisa que lhe é estranha. Fala do que não sabe o que infelizmente é muito frequente na nossa terra. A esta hora já deve ter recebido a agenda cultural dos últimos anos de Leiria e deve estar quase a retratar-se. A minha única dúvida reside naquele ego que transporta, que se nota que está cheio dele, quase a rebentar e para além disso, é um teimoso por natureza.

Querido La Féria para não estragares a nossa amizade diz assim: Peço desculpa a Leiria, aos leirienses e a todos os agentes culturais que aí atuam pela minha gafe. De facto desconhecia a vossa qualidade, quantidade e diversidade de ofertas culturais. Mas como sou um homem de alma, estou sempre pronto a aprender, a redimir-me dos meus erros e a reconciliar-me com os meus fãs. Prometo não esquecer o Orfeão e o seu Festival da Música, a Samp e o maestro Paulo Lameiro, pioneiríssimo nos concertos para bebés. Prometo não esquecer os museus de Leiria e os prémios que tem recebido. Prometo não esquecer as livrarias não massificadas e o que têm veiculado do ponto de vista cultural. Prometo respeitar as inúmeras bandas, coros e artistas que esta cidade tem criado e acarinhado. Prometo nunca mais esquecer o Teatro José Lúcio e o Miguel Franco, pelo que repetirei estes nomes várias vezes ao dia até não me voltar a esquecer.

Posto isto Filipe ficas perdoado.

(Artigo publicado na edição de 17 de maio de 2018)