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O meu diário: Leiria

Leiria está na moda e está no mapa. Não tendo nascido em Leiria e vindo de uma terra em que somos bairristas até à medula óssea, o Porto, o que me chocava é que sentia que ninguém era verdadeiramente de Leiria e agora graças a muitas coisas, as pessoas pacificaram-se com a sua cidade e têm orgulho de pertencer a esta terra.

hml.vasconcelos@gmail.com

Leiria está na moda e está no mapa. Não tendo nascido em Leiria e vindo de uma terra em que somos bairristas até à medula óssea, o Porto, o que me chocava é que sentia que ninguém era verdadeiramente de Leiria e agora graças a muitas coisas, as pessoas pacificaram-se com a sua cidade e têm orgulho de pertencer a esta terra. Muitos fatores conduziram a esta mudança que todos sentimos. Talvez o mais importante tenha sido a cultura, e as centenas de eventos culturais que a cidade promove e que faz com que todos nós nos orgulhemos de fazer parte dela. Temos jornais de qualidade e temos livrarias de qualidade. A música, a dança, o teatro conseguiram fazer criar uma identidade. O sentido de pertença é um dos sentimentos que gera felicidade e é muitas vezes menosprezado pelos decisores. A cultura que tantas vezes achamos que é só folclore, é na verdade o que nos define como povo evoluído e nos graus mais populares ou mais ecléticos, transforma a nossa maneira de pensar e ver o mundo. Quando os governantes acham que não vale a pena investir nessas matérias estão a comprometer o entusiamo das pessoas e a deixar cair por terra o que mais elevado e nobre o ser humano pode ter. Na verdade o poder autárquico em Leiria soube perceber o que era possível fazer em tempos de crise e soube facilitar a vida das várias associações culturais vendo-as como parceiros na promoção da qualidade de vida dos seus cidadãos. Soube conduzir com versatilidade a cidade a níveis culturais que nunca imaginamos conseguir.

Em Maio começa a feira que sempre foi um momento alto e popular na cidade e que não podemos deixar morrer. Comer farturas e pão com chouriço, andar no carrossel e nos carrinhos de choque fazem parte do lazer de todas as famílias e são tradições que devem ser mantidas. Talvez haja uma roda mais esquisita ou uma coisa que salta de uma forma assustadora que não existia há alguns anos, mas nenhuma criança jamais esquecerá as idas à feira com os pais, com os avós, com os amigos. Estimular o amor por uma terra é também educar. Ainda que as pessoas adotem outras e as acolham é bom saber que se tem um sítio para voltar. As raízes são mesmo isso, o amor a uma família e sua história e o amor a uma terra. Viva Leiria!

(Artigo publicado na edição de 26 de abril de 2018)