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O meu diário: Papa

Simples e terreno, renunciou a todas as mordomias, quebrou tabus e transpôs barreiras. Lavou pés a mulheres, passou a viver em comunidade, faz parar o papa móbil para dar boleia a amigos (…)

Helena-vasconcelos
Helena Vasconcelos, médica hml.vasconcelos@gmail.com

Faz um ano que o papa Francisco tomou conta da Igreja e desde aí não para de nos surpreender. Simples e terreno, renunciou a todas as mordomias, quebrou tabus e transpôs barreiras. Lavou pés a mulheres, passou a viver em comunidade, faz parar o papa móbil para dar boleia a amigos, expulsou fariseus do templo. Limpou a corrupção do Vaticano e obrigou que vissem dignidade em cada ser humano. Um acumulado de feitos que deixa os católicos e não católicos, os crente e não crentes boquiabertos.

Nunca o catolicismo esteve tão em alta, tão bem cotado. Mas é bom que não esqueçamos a essência da coisa. E a essência da coisa não é mulheres padres, homossexuais inseridos nas igrejas, mães solteiras a criar os filhos na fé. Essa parte é o colorido da coisa, sem ofensa é folclore. Ser cristão e seguir a Cristo é uma empreitada muito difícil. Amar o próximo como a nós mesmos, renunciar (nós próprios e não o papa) à vida fácil de bem-estar, e seguir Cristo pode ser uma tarefa demolidora nas nossas vidas. Dizem os convertidos, e eu tenho o privilégio de conhecer alguns, que traz uma enorme alegria, a par de um longo e prazenteiro caminho de sofrimento e conflito. E os convertidos não são necessariamente padres e freiras, também são leigos que definitivamente deram o salto na fé para um estádio superior ao nosso.

O papa Francisco é o melhor chefe de departamento de recursos humanos que a igreja teve desde sempre, mas o percurso interior de cada um tem de ser o próprio a percorre-lo.

Parabéns papa Francisco pelo exemplo deste ano. Que os cristãos saibam inspirar-se neste homem.

(texto publicado na edição de 20 de março de 2014)