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Opinião: Estão a matar o(s) mensageiro(s)

Pedro Jerónimo, curioso dos média e do jornalismo de proximidade

A capital europeia da cultura perdeu, na última semana, dois dos quatro jornais locais que tinha: o Notícias de Guimarães e o Expresso do Ave.

O mesmo aconteceu recentemente por cá, com o encerramento d’O Correio de Pombal, o único jornal existente naquela cidade – durante anos conviveu com O Eco, que já fechara. No âmbito da imprensa regional de inspiração cristã e depois de encerrar o Correio da Horta, a diocese de Angra passou a semanário o diário A União.

O motivo é o mesmo de sempre: a crise. A palavra mais gasta nos últimos tempos será, em alguns dos casos, até de conveniência para se abandonar a comunicação de proximidade.

Só em Leiria, capital do distrito, têm sede um diário (Diário de Leiria) e quatro semanários (Região de Leiria e Jornal de Leiria), sendo dois deles de inspiração cristã (O Mensageiro e A Voz do Domingo). Dificuldades todos as enfrentam, já a forma de lidar com ela, dependerá da vontade e capacidade dos responsáveis de cada um deles.

O que temos assistido nos últimos tempos é um desinteresse pela mensagem (notícias), pelos destinatários (público), o que leva à morte do mensageiro (jornal). É como ver um doente em agonia e deixá-lo sem auxílio.

Estão a matar o mensageiro, caro leitor. Estão a desinteressar-se de si. Com menos jornais, teremos menos informação credível, que é precisamente a imagem de marca dos média e dos jornalistas. Mas sem eles (ou com menos), teremos menos jornalismo. E sem jornalismo, teremos um empobrecimento da democracia. Pense nisso, caro leitor.

Porque se há muita coisa que poderá saber na televisão, na rádio ou na Internet, há muita outra (muita mesmo) que lhe escapará. Falo daquela que lhe é trazida pelos média regionais, que trabalham para que esteja minimamente informado daquilo que afecta o seu dia-a-dia. Ou pensa que um corte de estrada, o encerramento do centro de saúde, a mudança do pároco ou a irregularidade na junta de freguesa serão notícia nos médias ditos nacionais?

A comunicação social é isso mesmo: de e para a sociedade. Faz parte da sua missão. Quando não a cumpre, caro leitor, você tem todo o direito de o exigir. Esteja atento e faça-o. Por si!