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Passageiro do tempo: Mal da saúde

A Saúde não está bem, mas não queremos que fique pior.

jmsilva.leiria@gmail.com

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é um tema sempre apelativo e, por estes dias, está na agenda cívica por várias e fundadas razões. Desde logo, os recorrentes problemas de funcionamento dos serviços de saúde, com os hospitais à cabeça, depois a greve “cirúrgica” dos profissionais de enfermagem e, finalmente, a nova Lei de Bases da Saúde.

O primeiro equívoco, quando se fala do SNS, é não assinalar que se trata de um serviço exclusivamente estatal e que seria melhor falar do Sistema Nacional de Saúde, que engloba a oferta estatal, privada e solidária, conjunto que melhor acautela os interesses de saúde dos portugueses em geral.

Acontece que os estatistas, herdeiros da pior tradição portuguesa e socialista radical, que considera os serviços estatais como os únicos que asseguram a igualdade e a universalidade, nem podem ouvir falar em Sistema pois consideram que a oferta privada e solidária é um negócio ilegítimo de capitalistas sem escrúpulos e incensam o SNS como quem adora um Bezerro de Ouro.

Ora, os malefícios do SNS não decorrem dos privados nem de nenhum eixo do mal, são apenas consequência do subfinanciamento crónico da responsabilidade de vários governos de diferentes cores políticas. E não fosse a oferta privada e solidária e a situação seria bem pior.

A greve dos enfermeiros é a primeira em Portugal de um novo paradigma e os responsáveis parece ainda não terem compreendido que se está perante uma nova forma de agir em defesa de um direito antigo. Querer acabar com ela à força pode ser o mesmo do que atacar um elefante com um palito.

Finalmente, a nova lei, tal como está neste momento a proposta, é poeira para os olhos dos eleitores, e não passa de uma encenação para acentuar o cheiro a esquerda de um problema que deve estar muito para lá de interesses partidários.

A Saúde não está bem, mas não queremos que fique pior.

(Artigo publicado na edição de 7 de fevereiro de 2019)