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Passageiro do tempo: Silver economy

Se as sociedades estão a envelhecer há que encontrar respostas aos desafios e não ficar a contemplar passivamente o esgotar da ampulheta até só restar fazer o funeral.

jmsilva.leiria@gmail.com

Se as sociedades estão a envelhecer há que encontrar respostas aos desafios e não ficar a contemplar passivamente o esgotar da ampulheta até só restar fazer o funeral.

Não sei se o título lhe é familiar mas trata-se de um conceito novo para caracterizar as atividades económicas viradas para quem tem o “cabelo branco”. Assumindo que a partir dos quarenta é frequente começarem a aparecer os primeiros, temos aí o patamar mais baixo que vai progredindo até para lá dos cem. Atendendo ao aumento da esperança de vida, veja como são milhões a consumirem bens e serviços.

Conhece a história dos dois comerciais que foram vender sapatos para um país onde a esmagadora maioria da população andava descalça? Um mandou um e-mail para o patrão a dizer que não havia hipóteses pois “aqui, andam todos descalços”; o outro escreveu ”excelentes oportunidades, aqui ainda andam todos descalços”. O ainda fez toda a diferença.

O mesmo se aplica às atividades na área da chamada, impropriamente, terceira idade; quando se fala deste assunto lembramo-nos, invariavelmente, de lares e centros de dia, da Segurança Social, das IPSS, tudo respostas de “fim de linha” e onde os dinheiros do Estado são insubstituíveis.

Pois bem, vai despontando uma forma diferente de olhar para o envelhecimento, não como um problema, mas como uma oportunidade de negócio. Há muita gente de cabelo branco? Então vamos responder às suas necessidades, expectativas, desejos, fantasias, sonhos, problemas, tudo o que faz parte da vida de qualquer cidadão, com a particularidade de estarmos perante pessoas que já ultrapassaram a meia-idade e estão disponíveis para comprar bens e serviços específicos.

Não se trata de inventar a quadratura do círculo, apenas responder a uma evidência. “Se a vida te dá limões, faz limonada”. Se as sociedades estão a envelhecer há que encontrar respostas aos desafios e não ficar a contemplar passivamente o esgotar da ampulheta até só restar fazer o funeral. Os “cabelos brancos” são a prata do século XXI.

(Texto publicado na edição de 16 de março de 2017)