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Quilómetro 130: Luanda

Escrevo-vos de Luanda, capital de Angola e cidade em permanente ebulição. Só quem a visita percebe a sua efervescência.

Cláudio de Jesus, engenheiro do Ambiente claudiojesus2012@gmail.com

Escrevo-vos de Luanda, capital de Angola e cidade em permanente ebulição. Só quem a visita percebe a sua efervescência.

Nas ruas, cruzam-se milhares de carros conduzidos por gente apressada para chegar algures, num autêntico rebuliço entre buzinadelas e vendedores ambulantes, a tudo se assiste. Desde venda de sofás, a repelentes de insectos, de jantes automóveis a pastilhas elásticas. Mulheres vendendo cabeleiras postiças e roupa ao ar livre, tudo misturado com o cheiro a fumo dos escapes e dos alguidares cheios de mangas, bananas e muitas outras frutas em que o país é pródigo.

É no meio desta confusão que estão instaladas as sedes das maiores empresas privadas e dos edifícios governamentais, cidade com 5 ou 6 milhões de habitantes (quem sabe?) onde prédios imponentes e arranha-céus vão tomando a forma do que, dentro de poucos anos, poderá a vir a ser a “Manhattan” africana e uma das maiores cidades de expressão portuguesa em todo o mundo.

É neste caos organizado que muitos expatriados portugueses vão procurando formas de subsistência, contando com as horas de espera no trânsito, esperando por reuniões que nunca se sabe quando começam, nem como acabam, e com alguém que no meio do stress nos diz uma expressão que tudo desculpa “É Luanda”. Eu, sobre Luanda, digo simplesmente que vale a pena pagar para ver, nem que seja uma vez na vida.

(texto publicado na edição em papel de 23 de março de 2012)