Sigo com particular interesse os diversos debates sobre a anunciada reforma do poder local no nosso país. Talvez porque profissionalmente convivi durante muitos anos com essa nobre instituição que são as autarquias, procuro compreender os anseios e as motivações dos muitos autarcas que se manifestam contra a anunciada fusão de freguesias que, segundo pretende o Governo, ocorrerá proximamente em Portugal, provocando assim uma profunda reforma no mapa autárquico português.
Li com atenção a excelente reportagem publicada neste jornal há 15 dias sobre a proposta de fusão de freguesias nos diversos concelhos que compõem o distrito de Leiria e, cada vez mais reforço a minha convicção de que, despidas as teses que assentam em demagogia política, há claramente necessidade de reformar as autarquias portuguesas e, um dos primeiros passos passará necessariamente pela concentração de serviços, tendo em vista a sua racionalização.
Basta recuarmos 15 anos para encontrarmos exemplos de diversos projetos estruturantes na área do ambiente, que só foram possíveis por agregarem conjuntos de municípios, de forma a conferir-lhes dimensão, viabilizando-os técnica e financeiramente. Sem esse efeito de escala criado, Portugal não teria dado o salto significativo que lhe permitiu equiparar-se aos melhores padrões ambientais em vigor na União Europeia.
(texto publicado a 30 de novembro de 2012)
