A inteligência artificial está a contribuir para o aumento das preocupações com a cibersegurança, dificultando cada vez mais a deteção de fraudes, conclui um inquérito global divulgado pela Mastercard.
O estudo conduzido pela Harris Poll inquiriu 13 077 cidadãos, de 13 países, e concluiu que a evolução da inteligência artificial tornou mais prementes os problemas de segurança digital. Sete em cada dez pessoas afirmam ainda que é mais difícil garantir a segurança das suas informações nas plataformas digitais do que proteger a própria casa, o que se tornou uma fonte de ansiedade permanente.
Um dos problemas evidenciados por este inquérito é a dificuldade em identificar as ameaças criadas pela IA. Três em cada quatro pessoas receiam vir a tornar-se impossível distinguir o verdadeiro do falso online. E apenas um número limitado de respondentes (13%) se diz muito confiante na sua capacidade para identificar este tipo de ameaças.
A realidade é óbvia, uma vez que 80% dos inquiridos dizem ter sido alvo de pelo menos uma tentativa de fraude no último ano. Isto mostra que os cibercriminosos estão a tirar partido da IA para criar mensagens, chamadas e sites falsos convincentes, tornando a deteção da fraude cada vez mais difícil.
Um problema para a economia
A falta de confiança digital afeta diretamente o comportamento económico, uma vez que 66% dos consumidores deixariam de comprar a uma empresa se tivessem sido vítimas de uma fraude envolvendo a marca.
Por outro lado, 59% admitiram que se sentiriam envergonhados se fossem alvo de um esquema online, confirmando o estigma que leva muitas vítimas a não reportarem o crime e não procurarem ajuda.
Um dos aspetos curiosos deste inquérito é o facto de serem os mais novos os mais suscetíveis de cair em esquemas online (43% dos respondentes da Geração Z e 39% dos millenials foram alvo de ataque), apesar de estarem “muito confiantes” nas suas capacidades para os identificarem.
A Geração Z, formada por nativos digitais nascidos entre 1997 e 2012, parece ter menos preocupação em verificar a autenticidade dos e-mails que recebe do que as gerações anteriores.
Ataques em Portugal
Os resultados deste inquérito confirmam os dados do mais recente relatório sobre Cibersegurança em Portugal: as ameaças de phishing e smishing são um problema cada vez mais presente no dia a dia dos cidadãos, e a inteligência artificial apenas potenciou a sua extensão.
As tipologias acima descritas estão “frequentemente associadas ao cibercrime, nomeadamente para a exfiltração (roubo) de credenciais para venda em mercados online, distribuição de malware ou para a execução de burlas”, refere a análise do Observatório de Cibersegurança.
As conclusões deste relatório apontam também para a existência de ataques de atores estatais “para o acesso inicial a sistemas das vítimas”, o que agrava a complexidade dos sistemas de segurança. Com os ataques de engenharia social e as burlas, está completo um cocktail que pede sistemas de defesa sólidos de cada um de nós.
Recuperar o controlo: defesas práticas e proativas
Perante desafios tão delicados e com consequências potencialmente devastadoras nas nossas vidas, a melhor solução é redobrar cuidados, mantendo os antivírus atualizados, desconfiando de e-mails de proveniência desconhecida e ativando a dupla autenticação. Ferramentas como uma VPN (rede privada virtual) podem ajudar-nos a limitar a eficácia de ataques maliciosos das seguintes formas:
- Proteção de dados: uma VPN encripta a ligação à internet, impedindo terceiros de aceder aos seus dados pessoais.
- Segurança em redes públicas: impede o uso indevido de redes de wi-fi abertas, em cafés, aeroportos ou hotéis.
- Controlo do rasto digital: reduz o rastreio online e a recolha de informações por parte de anunciantes ou entidades maliciosas.
- Complemento essencial: funciona em conjunto com práticas recomendadas como a utilização de palavras-passe fortes, a autenticação 2FA e as atualizações regulares de software.
Investir naquela que considera provavelmente a melhor VPN é uma escolha proativa para o ajudar a recuperar o controlo da sua presença online, uma forma de diminuir a ansiedade digital e de proteger a sua privacidade.