Assinar
Cultura

É sexta-feira foge comigo: “O clube”

“Quem diria que um dia a cidade estaria novamente de braços abertos ao futebol?” “O clube” é um texto de Pedro Miguel, aqui apresentado em versão multimédia.

Quem diria que um dia a cidade estaria novamente de braços abertos ao futebol? Ainda me lembro dos primeiros anos em que tudo correu mal, em que o estádio praticamente só encheu no Campeonato Europeu, em que o topo norte fez corrente de ar durante anos a fio, ali, por acabar, em tons de cinzento-betão, a fazer lembrar os já há muito esquecidos bombardeamentos de Israel em Gaza. Estava lá ainda o Bush, antes do Obama ter vindo fazer os dois mandatos. E agora olha… a Hillary Clinton lá perdeu contra o Arnold Schwarznegger.

Mais um actor, credo! Aqueles americanos são mesmo malucos. De certeza que quando o tipo se candidatar para o segundo mandato da praxe, o slogan vai ser “I’ll be back!”, como nos filmes do Exterminador. Ainda o Obama estava lá a começar, por cá veio a crise de resultados da equipa, já na II divisão, com um estádio daquele tamanho às moscas, a luta pela manutenção em escalões inferiores, as presidências, os processos, a desmoralização, a quase ruína.

Ainda me custa a acreditar! Como é que aquele xeique saudita se lembrou da nossa cidade, do nosso clube? Chegou cheio de ideias, com muito dinheiro para investir, a começar por ele, com aquele palácio que mandou construir ali ao pé do castelo, onde antigamente era a polícia. E as contratações? O Mourinho já foi mais novo, mas continua muito bom, apesar da experiência falhada com a nossa selecção, e é óptimo terem feito regressar alguém que já cá tinha estado. Apesar de ter passado dos 30, foi uma pena o Cristiano Ronaldo ter acabado a carreira assim daquela forma, mas está-se a safar muito bem como adjunto do ainda “special one”.

Tem dinheiro suficiente para nunca mais trabalhar na vida, mas está ali no banco, a aprender com o mestre… fantástico! Grande xeique, sim senhora, em boa hora se lembrou de vir para cá dar a volta a isto tudo e, enquanto o diabo esfrega um olho, apelidaram-no logo de “Xeique em Branco”. Pudera! O pessoal é tramado…

TRRIMM!!
O despertador tocou, Joana levantouse para ir trabalhar, e ainda a rir, diz ao marido:

– Acorda meu Xeique em Branco!

– O que é que disseste, amor? Não percebi…


texto: Pedro Miguel
som/locução: Carlos Matos
imagem/edição: Manuel Leiria

Deixar um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigos relacionados

Subscreva!

Newsletters RL

Saber mais

Ao subscrever está a indicar que leu e compreendeu a nossa Política de Privacidade e Termos de uso.

Artigos de opinião relacionados