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Trabalhar no estrangeiro compensa

Jovens leirienses são um sucesso no estrangeiro, fintando a falta de trabalho que atinge a sua geração. Testemunhos de quem constrói carreira lá fora.

A preparação de Duarte Lisboa para o emprego de sonho na Finlândia começou nos bancos da escola secundária, em Leiria. “Sempre achei que o mundo era grande demais para se viver toda a vida no mesmo sítio”, escreve, por e-mail, depois de resumir uma carreira em ascensão.

Aos 27 anos, é funcionário da União Europeia, viveu em Itália e Hungria e faz parte da geração de portugueses que catapultou a emigração para perto dos recordes do século passado: 70 mil por ano nesta década contra 80 mil nos anos 60.

Enquanto em Portugal o desemprego ronda máximos históricos, lá fora uma vaga de jovens talentos continua a lutar por salários com muitos zeros e uma vida inesquecível. “Nunca fui tão feliz. Tenho cada vez mais concertos, tenho amigos e encontrei a minha cara-metade”, conta Pedro Rodrigues, natural de Mira de Aire, guitarrista clássico na Croácia.

De acordo com a consultora Hay Group, trabalhar no estrangeiro para o mesmo empregador tem valido aos profissionais portugueses salários que chegam ao triplo. As multinacionais procuram experiência, currículo académico, competência técnica, capacidade de trabalhar em equipas multi-disciplinares e multi-culturais, conhecimento de línguas e elevados níveis de autonomia e responsabilidade.

Quem o diz é Renato Roldão, que está na China a gerir as operações da Ecoprogresso, uma consultora em alterações climáticas, carbono e energia. Natural da Marinha Grande, aos 31 anos já passou por sete países, a maior parte como consultor externo do Ministério do Ambiente.

As redes sociais digitais e a internet são indispensáveis nesta nova diáspora. Duarte Lisboa candidatou-se à agência que controla o mercado de químicos através de um site onde constam todas as posições abertas nas várias organizações da União Europeia. “A experiência tem sido extremamente positiva”, refere. “A minha carreira desenvolveu-se em meios multi-culturais e acho muito difícil adaptar-me a um emprego onde as pessoas são todas do mesmo país”.

A partir de Zagreb, Pedro Rodrigues lamenta as saudades da família e do oceano. Mas é só. “As pessoas que encontrei na Croácia fazem a diferença. Aceitaram-me muito bem e integrei-me sem problemas”, adianta.
Para Renato Roldão, viver em Pequim tem sido um privilégio, “principalmente num momento em que o país atravessa grandes mudanças e um desenvolvimento económico sem precedentes”. O mundo visto a partir da China “permite passar um pouco ao lado da crise”, reconhece.

De acordo com o Observatório da Emigração, o fluxo abrandou. Mas, ainda assim, de 2005 a 2009, 350 mil portugueses deixaram o país. Rui Pena Pires, coordenador científico do Observatório, acredita que a saída para o estrangeiro não resolve o problema da falta de trabalho – os níveis elevados de desemprego são uma realidade também no resto da Europa e na América do Norte, lembrou, em declarações à agência Lusa.

Nem tudo são rosas, de facto. É fundamental ponderar o risco, avaliar as diferenças culturais, considerar o custo de vida local e, principalmente, medir a própria capacidade de adaptação. “Uma pessoa tem de pesar bem o que quer e saber que provavelmente quando voltar está tudo na mesma, só nós é que mudámos”, conclui Pedro Rodrigues.

Leia os testemunhos de Renato Roldão, Pedro Rodrigues e Duarte Lisboa:
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