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Sociedade

O mau tempo de Leiria visto por quem se apaixonou pela meteorologia

O que se passa com a meteorologia este ano? Para perceber, fomos falar sobre o assunto com três apaixonados que monitorizam o tempo que faz em Leiria.

Meteorologia ou metrologia? Se a confusão entre a ciência que estuda a atmosfera terrestre, os seus processos e a previsão do tempo e a ciência das medições é comum, Jorge Sousa tem bem presente as diferenças. É engenheiro de metrologia industrial, mas também se dedica à meteorologia, ainda que de forma amadora.

Na rua das Hortas, na Barosa, Leiria, funciona desde agosto de 2010, a sua estação meteorológica. Chama-se Hortas do Liz e pode ser conferida em hortasdoliz.meteoleiria.org.

Baseado na sua experiência e pesquisa na área da meteorologia, admite que o inverno rigoroso que atravessamos não será nada de anormal.

“Para verificarmos se é uma tendência, teríamos de fazer a análise de décadas, e esses dados para Leiria não existem, mas atendendo a outras fontes e documentos, diria que é normal”, explica. “É algo normal, que se repete, mas não nos lembramos, teríamos de recuar vários anos”.

chapeu-chuvaAinda assim, nota que nos últimos dois meses, já choveu mais 50% da média dos últimos três anos.

Natural de Ovar, adianta que sempre teve o gosto pela questão da meteorologia. Quando chegou a Leiria, há uma dúzia de anos, surpreendeu-o o facto de esta ser uma localidade muito fria no inverno e muito quente no verão. Decidiu saber mais, e assim nasceu a sua estação meteorológica.

Romeu Paz, investigador com formação em engenharia informática, cansou-se de ver os boletins da meteorologia que esqueciam Leiria no mapa das previsões.

As grandes diferenças de temperatura na cidade, aguçaram-lhe a curiosidade, e decidiu avançar também com uma estação meteorológica, em 2008.

Tal como acontece com sua congénere da Barosa, os dados desta outra situada em Parceiros, Leiria, são replicados em diversos sites internacionais sobre a matéria. Mas pode ser conferida em meteoleiria.org e nas redes sociais. Só no Facebook, mais de 2.700 pessoas afirmaram gostar de a seguir.

“O site cresceu muito desde o temporal de janeiro do ano passado, porque comecei a dar o alerta três dias antes, e algumas pessoas não perceberam o que queria dizer e saíram à rua e não o deviam ter feito”, explica Romeu Paz.

E o tempo rigoroso? “Este fenómeno poderá estar associado ao El Niña uma vez que com o tempo frio nos EUA formem-se centros de altas pressões que cavam, afunilam e rumam aos Açores e passam perto do continente, a caminha de Inglaterra. É o anticiclone dos Açores que nos salva. Mas acho que para já não é nada de anormal”, explica.

Não muito longe, na Caranguejeira, Leiria, a estação meteorológica de Pedro Lopes surgiu há cerca de três anos para auxiliar este chefe cozinheiro na seu hóbi.

“Pratico kitesurf o que me obriga a estar mais a par da força do vento”, explica. Assim começou a sua paixão pela meteorologia que pode ser conferida em meteocaranguejeira.blogspot.pt.

Quem se relaciona mais de perto com estes três meteorologistas amadores, habituou-se a meter conversa sobre o estado do tempo.

Pedro Lopes, interrogado pelo jornalista, não foge ao tema: estes invernos rigorosos são para continuar? “Julgo que será uma tendência, teremos invernos mais rigorosos e secas extremas”, prevê.

Carlos S. Almeida
carlos.almeida@regiaodeleiria.pt
Jorge Morgado (ilustração

(Notícia publicada na edição de 20 de fevereiro de 2014)


Secção de comentários

  • Joe disse:

    “Este fenómeno poderá estar associado ao El Niña uma vez que com o tempo frio nos EUA formem-se centros de altas pressões (…)"

    Pequena correção: centros de BAIXAS pressões 😉

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