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Cultura

Inácio Aires d’Azevedo: Eis a obra de um músico com Leiria no coração

Há 30 anos que Vicente Narciso investiga e coleciona obras de Inácio Aires d’Azevedo. O trabalho sobre uma referência da cultura de Leiria é público desde novembro.

O lançamento foi resultado de “uma grande teimosia”, assume Joaquim Vicente Narciso. À medida que o maestro mergulhou na “Música em Leiria”, através do livro homónimo de João Cabral, sentiu necessidade de dar a conhecer essa realidade musical. Uma realidade para a qual contribuíram vários compositores que, nos séculos XIX e XX, fizeram com que Leiria tivesse “uma cultura musical invejável”.

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Nasceu na Nazaré, foi ourives, compositor e maestro. Inácio Aires d’Azevedo marcou a cultura de Leiria no séc. XIX Imagem: pintura a óleo de Luís Vermell, reproduzida na capa do livro)

Nas últimas três décadas, Vicente Narciso procurou em arquivos públicos e privados, recolheu, tratou e arranjou forma de publicar a obra dos “três grandes marcos da cultura religiosa, não-religiosa e de revista, ou de opereta, que temos em Leiria”: Inácio Aires d’Azevedo, José de Oliveira Zúquete e Ernesto Rola Henriques.

São “músicos com Leiria no coração” e cada um deles vai merecer um livro. O primeiro é dedicado à obra de Aires d’Azevedo, nascido na Nazaré em 1833.

“É um património de Leiria e não é para estar escondido. E estava em risco de se perder. Muitos documentos estavam em absoluto mau estado: entraram ratos, apanharam humidade, não estavam legíveis”, explica,

Inácio Aires d’Azevedo foi ourives, vereador e presidente de Câmara e também violoncelista amador, mas é a faceta de compositor a recordada nesta edição, através da recuperação de diversas partituras, entre elas “Te Deum” e “Miserére”.

Esta última não é interpretada desde 1935 e Vicente Narciso gostava de a apresentar ao público em 2015. “Seria fácil acontecer, assim haja vontade cultural e política. Dá-se muito dinheiro a coisas de fora e falta valorizar o que é nosso”, lamenta.

Parte substancial da obra de Aires d’Azevedo volta agora a poder ser interpretada. E que acolhimento terá isso junto dos músicos da Leiria de hoje?

Vicente Narciso não quer saber: “É um grande ponto de interrogação. Mas nem penso no assunto. Estou habituado a que não se dê valor às coisas de Leiria. O que interessa é que, a partir deste lançamento, esta obra pertence ao domínio público”.

Manuel Leiria
manuel.leiria@regiaodeleiria.pt

(Notícia publicada na edição de 13 de novembro de 2014)

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