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Procura de quartos para estudantes supera oferta e inflaciona preços

O preço do arrendamento de quartos a estudantes está a subir nos concelhos de Leiria, Caldas da Rainha e Peniche, onde há instituições de ensino superior, atingindo os 200 euros mensais nalguns casos – ainda assim, muito abaixo dos valores praticados em Lisboa, Porto ou Coimbra.

redacao@regiaodeleiria.pt

O preço do arrendamento de quartos a estudantes está a subir nos concelhos de Leiria, Caldas da Rainha e Peniche, onde há instituições de ensino superior, atingindo os 200 euros mensais nalguns casos – ainda assim, muito abaixo dos valores praticados em Lisboa, Porto ou Coimbra.

Uma análise efetuada pelo REGIÃO DE LEIRIA, com base em dados de cinco sítios na Internet de arrendamento de imóveis, aponta para valores médios por quarto na ordem dos 170 euros mensais. Um dado em linha com informação da Remax Inn, que aponta preços a oscilar entre os 140 e 200 euros. Em Lisboa, os valores médios rondam os 350 euros, descendo no Porto para 270 e em Coimbra para 200 euros.

Neste contexto, a oferta escassa e os preços elevados podem condicionar a entrada de estudantes no IPLeiria? “É um risco que existe e para o qual estamos atentos”, responde o presidente da instituição, Nuno Mangas, confirmando que o “o preço dos quartos já é elevado”. Mas “ainda é compensador escolher Leiria para estudar, não só pelo preço dos quartos e pelo custo de vida no geral, mas também por tudo o que a cidade e a região têm para oferecer em termos culturais e artísticos, desportivos, qualidade de vida e oportunidades de trabalho”, destaca.

Para superar as dificuldades de arrendamento de quartos, o IPLeiria recorreu ao pagamento de quartos de hotel “uma vez, com estudantes estrangeiros, e durante um curto período de tempo”, confirmou Nuno Mangas. Sobre o eventual recurso a unidades hoteleiras, o diretor do ISLA Leiria, Acácio Sousa, afirma que “tem em conta situações de verdadeiras dificuldades, sabendo que há alguns tipos de precedentes nesta área que se podem tornar mal entendidos. Não pagamos quartos de hotel, mas há meios que podem ser acionados para apoiar quem, verdadeiramente, necessita”.

Ao diretor do ISLA Leiria “não parece que haja escassez” de quartos, “o que poderá acontecer é um aproveitamento abusivo em alguma oferta, coisa que é muito habitual nas cidades com ensino superior, mas a relação oferta/procura, para além da fiscalização sobre alojamentos incumpridores da qualidade mínima e da legalidade, terão que levar a um reajustamento das coisas”.

O ISLA Leiria “procura sempre ajudar a encontrar uma solução de alojamento para os estrangeiros” e não haverá casos de não inscrição de alunos por falta de sítio onde ficarem a viver. O IPLeiria não perdeu inscrições de estudantes por falta de quartos. “Até ao momento temos tido capacidade para os alojar, recorrendo às nossas residências ou a alojamento privado”, garante Nuno Mangas.

“A maior parte das queixas dos estudantes é sobre a falta de T1 e T0 em Leiria, assim como os preços elevadíssimos dentro dessas categorias. Sai mais barato arrendar um T3 que um T1”, explica Bruna Santiago, presidente da Associação de Estudantes da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS/IPLeiria)

“Mas em relação a quartos existe muita disponibilidade, os estudantes é que são cada vez mais exigentes, pois querem partilhar casas com amigos e normalmente é mais fácil conseguir um quarto que uma casa inteira por preencher”, adianta a Bruna Santiago, considerando que os preços são “bastante elogiados em comparação com cidades como Lisboa e Coimbra, onde são altos e a qualidade das casas deixa muito a desejar”.

Os dados da Remax Inn confirmam a falta de oferta. “O arrendamento dirigido a estudantes continua caracterizado por uma maior procura do que oferta e, neste contexto, os valores praticados sobem, sendo em média entre os 140 e 200 euros por quarto”, refere Teresa Mesquita, diretora da imobiliária de Leiria. Quanto ao contributo que pode dar na estabilização deste mercado, considera que “passa por trabalhar no sentido de contactar investidores, apresentando opções de compra para o investimento no arrendamento a estudantes, com elevadas taxas de rentabilidade”.

Uma das soluções apontadas por Bruna Santiago para introduzir mais quartos no mercado passa por “restaurar os edifícios que estão ao abandono na zona histórica, o que seria essencial para os estudantes e para os licenciados que continuam em Leiria depois de terminarem o curso, sem que tivessem de ir para zonas mais afastadas”.

Teresa Mesquita concorda que “a aposta dos investidores no sentido da reabilitação de prédios antigos” pode contribuir para equilibrar o mercado, o mesmo sucedendo com projetos como o Casulo, que hospeda estudantes, dando sequência a uma tendência que se tem verificado em Leiria, onde “já existem vários projetos deste género e prédios que foram reabilitados e transformados em estúdios”.

Preços mais elevados na cidade do Lis

Na primeira semana de agosto, o REGIÃO DE LEIRIA analisou 244 anúncios (433 quartos) de arrendamento em Leiria (Marinha Grande e Batalha, pela proximidade), Caldas da Rainha e Peniche, publicados nos sites Custo Justo, OLX, Idealista e bquarto, concluindo que os preços na capital de distrito se aproximam mais frequentemente dos 200 euros por quarto.

No caso do portal (http://alojamento.ipleiria.pt/), a média de preços por quarto era de 206 euros; enquanto no Idealista baixava para 174 euros e no Bquarto para 125 euros. No caso do Custo Justo e do OLX, os valores eram semelhantes: 163 e 169 euros respetivamente. Ou seja, uma média distrital a rondar os 170 euros por quarto.

O aumento dos preços resulta, em todo o país, da maior procura pelos turistas (nomeadamente de alojamento local) e de residentes que optaram por esta solução, em vez da aquisição de casa própria, sobretudo após da crise económico-financeira de 2008, e do facto de não haver resposta do mercado com construção nova ou reabilitação.

Para ajudar os estudantes, a ESECS/IPLeiria possui um dossier de anúncios, disponível na reprografia, publicita arrendamentos na sua página no Facebook e, por exemplo no caso dos alunos de Erasmus, explica-lhes o funcionamento das residências do IPLeiria e outras opções, como hostéis.

Os serviços de ação social do IPLeiria lançaram no final de julho uma plataforma para publicação de anúncios de arrendamento. No início de agosto contava 18 propostas, com 61 quartos e preços médios acima dos 200 euros.

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