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Alcobaça

Quadra natalícia ganhou uma nova moda que desliza debaixo dos pés na região de Leiria

Não são novas, mas nunca como este ano se popularizaram tanto. Vários concelhos do distrito de Leiria apostam em atrair multidões com pistas de gelo. Há as que são naturais, as ecológicas e as solidárias

Instalada no Mercado de Santana, a pista de Leiria é em gelo natural e tem 300 metros quadrados  Foto: Joaquim Dâmaso

Há uma moda natalícia em franca expansão. Este é o ano em que celebrar o Natal na região é feito em cima de patins de gelo. São, pelo menos, oito os concelhos da nossa região que ostentam as pistas de gelo como um dos principais atrativos nesta época festiva.

São bem mais de 1.000 m2 de gelo que pode ser patinados no distrito. Basta atender que Óbidos apresenta 300 m2 de pista, tal como Leiria. Marinha Grande e Batalha têm duas centenas de metros quadrados gelados cada. O manto branco chega ainda a Porto de Mós, Peniche e Castanheira de Pera.

Para além de serem o cenário ideal para piruetas artísticas, trambolhões descuidados e alguma risota, as pistas rapidamente foram batizadas de solidárias, ecológicas ou naturais. Se o imaginário religioso ligado à quadra natalícia tem uma estrela que guia reis magos, no mundo das atividades que marcam a agenda natalícia, as pistas de gelo são a estrela. E sim, são capazes de atrair pequenas multidões, sobretudo compostas de pequenos monarcas que impõem a vontade de deslizar ao sabor do imaginário.

Há batismo no gelo, mas também antigas experiências em patins em rodas que, depois de alguns ajustamentos, são aproveitadas para mostrar alguma graciosidade enquanto se risca o gelo. A fazer fé pelos testemunhos ouvidos pelo nosso jornal junto de utilizadores da pista em funcionamento em Leiria, esta é uma experiência que primeiro se estranha, mas que rapidamente se entranha como estando associada à época natalícia.

“O Natal é algo que associamos ao frio e a pista de gelo faz parte desse imaginário”, explica Gonçalo Lopes, jovem de Vieira de Leiria que se estreou na patinagem do gelo na pista de Leiria. Momentos antes, Ana Carolina, de nove anos de idade, fez associação semelhante: o frio faz parte do imaginário natalício, logo a pista de gelo faz todo o sentido.

Esta não é uma tendência nova. Há cerca de uma década que, entre nós, se assinala o Natal com gelo debaixo dos pés. “Óbidos Vila Natal” arrancou em 2006 e o gelo fez desde logo parte da ementa. Leiria estreou a pista pouco depois e manteve-se como uma das atrações mais requisitadas. Mas este ano, a muito nórdica atração chegou a outras paragens. Batalha, Porto de Mós ou Marinha Grande são exemplos da introdução da nova moda natalícia.

Em boa parte, a proliferação das pistas de gelo também resulta da nova costela ecológica que algumas ostentam. Embora estejamos a entrar no inverno, a verdade é que as temperaturas que se fazem sentir não são as mais propícias para manter as pistas geladas. Logo, há custos energéticos que colocam pressão financeira na operação de alugar as pistas de gelo natural.

De acordo com o portal de contratação pública, a pista de Leiria e a iluminação natalícia implicam um custo de 62.500 euros (a autarquia anunciou um investimento de aproximadamente 35 mil euros em iluminação o que atira o custo da pista para perto de 30 mil euros).

Em Porto de Mós, a pista, custa 12 mil euros. Em Alcobaça, um pouco menos que 20 mil euros. São mais pequenas e mais baratas, mas não são de gelo natural. São apelidadas de ecológicas. “Trata-se de um produto amigo do meio ambiente, entre outros fatores, pois não necessita de água ou eletricidade para o seu funcionamento”, aponta em comunicado a empresa responsável pela pista de gelo de Porto de Mós. Em síntese, explica, funciona com “placas de gelo sintético auto lubrificadas, as quais vão libertando um lubrificante de forma a permitir um deslizamento ótimo sobre a pista”.

Mas o gelo e a possibilidade de patinar sobre ele também pode ser uma oportunidade para ser solidário. Veja-se o caso da Marinha Grande. Aqui, a pista é denominada de solidária. Os custos de funcionamento são suportados pela Câmara local, mas as receitas – cada meia hora de utilização custa dois euros – são canalizadas para as associações de bombeiros. Na Batalha, o espírito é o mesmo, mas como algumas diferenças: dois euros para usar a pista, mas deste valor são canalizados 50 cêntimos para a corporação local de bombeiros.

Num ano e numa região bastante atingida pela catástrofe do fogo, o gelo entra em cena para alimentar a solidariedade. A moda do Natal deste ano deslizou subtilmente para o lote de iniciativas que ganham terreno na nova arte de celebrar a época natalícia entre nós. 

 

 

Foi divertido. Faz-me lembrar o Natal porque acho que o gelo também faz parte da neve e no Natal neva. Foi um bocadinho difícil mas é o que gosto mais da animação de Natal em Leiria”

Está a ser uma boa experiência, é divertido. Foi a minha primeira vez na pista de gelo, aliás deu para perceber (risos). Se for possível é uma experiência para repetir, mas com mais alguma aprendizagem”

É a primeira vez que patino no gelo. Acho que faz sentido associar ao Natal que é uma época de alegria e feliz”

Já tinha vindo o ano passado e acho que bastante divertido”

 

Foi positivo, foi uma experiência bastante boa. O Natal é algo que associamos ao frio e a pista de gelo faz parte desse imaginário. Foi a minha primeira vez numa pista de gelo. O batismo não foi difícil, uma vez que já tinha andado de patins”

A Batalha recebe este ano, pela primeira vez, uma pista de gelo 

O Mosteiro de Alcobaça é o cenário para a pista de gelo “ecológica” aí instalada 

Óbidos conta com pistas de gelo há mais de uma década. Este ano não é exceção: de geo natural, tem 300 metros quadrados e até zonas para uma patinagem de técnica mais apurada 

(Notícia publicada na edição de 14 de dezembro de 2017 do REGIÃO DE LEIRIA)

Carlos  S. Almeida
Jornalista
carlos.almeida@regiaodeleiria.pt

 

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