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Caldas da Rainha

Manifestação em Lisboa contra degradação da Linha do Oeste juntou uma centena de utentes

Cerca de 100 pessoas manifestaram-se hoje, quinta-feira, frente ao Ministério do Planeamento e Infraestrutura, em Lisboa, em protesto contra as atuais condições da Linha do Oeste e a supressão de vários comboios desde o início do ano.

No dia 6 de julho, no troço a norte das Caldas da Rainha, “não circulou, todo o dia, um único comboio”, alerta a Comissão para a Defesa da Linha do Oeste Foto: Joaquim Dâmaso

Cerca de 100 pessoas manifestaram-se hoje, quinta-feira, frente ao Ministério do Planeamento e Infraestrutura, em Lisboa, em protesto contra as atuais condições da Linha do Oeste e a supressão de vários comboios desde o início do ano.

Rui Raposo, porta voz da Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste, sublinhou aos jornalistas a “supressão diária de comboios desde o início de 2017”, além dos “constantes atrasos nos horários”, num “total desrespeito pelos utentes” deste meio de transporte.

Segundo Rui Raposo, o ministro do Planeamento, Pedro Marques, já anunciou que estão em curso “conversações com Espanha no sentido de vir mais equipamento a diesel para a Linha do Oeste e para as linhas que não estão eletrificadas”, além de um plano de aquisição de novo material, mas que “não é solução de curto prazo”, tendo em conta os concursos públicos que obrigam a determinados prazos.

“Até lá, a Comissão já apresentou uma proposta no sentido de serem utilizadas, provisoriamente, as locomotivas 1.400, com uma ou duas carruagens acopladas, para puderem fazer o transporte de passageiros na Linha do Oeste”, disse o responsável.

Rui Raposo lembrou tratar-se de material que está parado, “mas que funciona” e que pode ser usado numa “situação de emergência”, como reconhece ser a que se vive atualmente, “sem quaisquer comboios”, para resolver provisoriamente o problema.

O responsável alertou para o marco histórico desta linha, com 132 anos, que no dia 6 de julho, no troço a norte das Caldas da Rainha, “não circulou, todo o dia, um único comboio”, alertando para o constante uso de duas composições quando deviam estar seis em circulação.

Rui Raposo deu ainda como exemplo o que acontece com as férias balneares de algumas crianças frequentadoras da estância balnear de São Martinho do Porto, que de comboio demoram cerca de oito minutos de viagem contra os 30 de carro ou autocarro, e que têm estado “largos minutos” à espera das composições.

Em relação aos novos horários que vão estar a funcionar a partir de 5 de agosto, o responsável revela que estes “não servem as necessidades das populações”, referindo que as mesmas “vêm formalizar as supressões já feitas”.

“Vão ser eliminadas três ligações diárias e diretas entre Caldas da Rainha e Coimbra. O conselho que dou às populações é que continuem esta luta, reclamem junto da CP pelos atrasos sucessivos para termos frutos”, frisou.

Fernando Semblano, porta voz das comissões dos trabalhadores da Infraestruturas de Portugal, Comboios de Portugal, Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF) e MEDWAY (antiga CP carga), disse à Lusa estar no local em solidariedade para com a população do Oeste.

“Entendemos que o caminho que a CP está a ter é desastroso e que pode levar, inclusive ao fim da empresa, à abertura ao mercado liberal e ao setor privado”, alertou, acrescentando ainda “temer pela segurança dos utentes e trabalhadores, dado o desinvestimento” na linha.

Manuel Santos, de 80 anos, veio até Lisboa para, conforme explicou à Lusa, “lutar pelos comboios no distrito de Leiria”, avançando ser “uma vergonha o que se passa nas Caldas da Rainha”, e denunciando que o Governo “não respeita ninguém” e não cumpre com o que prometeu.

“Não há comboios. Quando tenho de ir à minha terra, que é Óbidos, tenho de ir de camioneta, não há comboio, até a estação está destruída. É uma pena para nós e para os estrangeiros”, sublinhou.

Também Maria Jesus, utente diária da Linha do Oeste, na ligação Caldas da Rainha e São Martinho do Porto, explicou à Lusa o transtorno de passar “muitas horas à espera do comboio” e todo o “stress e ansiedade” a que está sujeita.

“É um desrespeito brutal pelos utentes da Linha do Oeste. Não há informação se há ou não comboio ou autocarro que nos leve. Sofremos horrores”, acusou.

A “sistemática falta de comboios, com a supressão de muitos horários ao longo do dia e atrasos de horas nas ligações” tem-se intensificado desde o início de 2017, tendo motivado diversos protestos e a entrega na Assembleia da República de uma petição com mais de 5.600 assinaturas.

A Linha do Oeste foi renovada entre 1990 e 2004, mas, desde então, a degradação do serviço de passageiros e a morosidade das ligações a Lisboa e à Figueira da Foz levou a um gradual abandono e à redução do número de utilizadores.

Lusa

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