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Leiria

Mata dos Marrazes perde mais de 1.600 pinheiros devido ao nemátodo

O impacto do abate das árvores é inevitável atendendo à extensão da propagação da doença que atinge cerca de 20% da Mata dos Marrazes. O plano de reflorestação está pronto, mas ainda é preciso acabar com as infestantes.

Cerca de 1.600 pinheiros bravos da Mata dos Marrazes foram sinalizados em setembro do ano passado com a doença do nemátodo-da-madeira-do-pinheiro (NMP). Hoje, são muitos mais e vão todos ser abatidos como obriga a lei, na tentativa de conter a praga.

Os trabalhos começaram no final do mês de junho, com base no levantamento e na georreferenciação das árvores em declínio realizados pela Pinea – Associação Florestal Litoral a pedido da Junta de Freguesia de Marrazes e Barosa.

Segundo o ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e Floresta (ICNF), “só a remoção dos exemplares que apresentem copa seca ou a secar (total ou parcialmente), agulhas descoloradas e dos que estejam tombados e tenham sido afetados por tempestades ou incêndios (queimados ou parcialmente queimados)” evitam a dispersão da doença.

“Tudo o que está contaminado acaba por secar e morrer” e “as boas práticas florestais exigem que todas essas árvores sejam abatidas”, confirma Henrique Damásio, secretário-geral da Pinea.

Reconhecendo que a medida, que deverá abranger cerca de 20% daquela mancha florestal, terá impacto, frisa que é “um impacto inevitável”. “Conseguimos perceber que cada mês que passava havia muito mais árvores em declínio e a secar”, acrescenta, referindo que a Pinea elaborou o caderno de encargos para execução dos trabalhos, sendo o concurso e adjudicação da responsabilidade da Junta. A empresa está por sua vez obrigada ao cumprimento de procedimentos especiais de transporte, processamento e encaminhamento da madeira cortada.

Isabel Afonso, presidente da Junta, confirma: “A mata está muito doente, muito despida devido aos temporais e aos ventos que derrubaram muitas árvores, pinheiros muito altos que tinham uma copa muito frágil. Outros por estarem fracos ou já doentes acabaram por tombaram”.

Em declarações ao REGIÃO DE LEIRIA, a autarca insiste no facto de se tratar de um “corte sanitário”, sendo ainda objetivo colocar na mata armadilhas para travar os insetos-vetores que propagam o nemátodo.

“Pulmão novo”

Quanto ao futuro da mata, é propósito da Junta “transformar este grande pulmão num pulmão novo”. “Vão ser mais árvores a plantar do que as que vão ficar em pé. É doloroso dizer isto mas é a verdade e não vale a pena escamotear”, afirmou Isabel Afonso, sublinhando a aposta da Junta na plantação de espécies autóctones e mais resistentes do que o pinheiro.

“A mata está triste, e estando triste, está toda a gente triste. Quem conhece a história e a importância da mata, o seu passado e o que representou nas anteriores gerações, sabe que a mata hoje dá pouco. E ela precisa de mais do que dá”, acrescentou.

Para concretizar este objetivo, a Junta elaborou um Plano de Gestão Florestal que já foi sujeito a discussão pública. Este contudo aguarda reformulação com base em novos critérios entretanto definidos pelo ICNF.

Mas a mata tem outro problema: a invasão de plantas infestantes como é o caso das acácias, que se multiplicam espontaneamente.

A erradicação da espécie foi objeto de candidatura mas a sua aprovação ficou adiada por falta de dotação orçamental, pelo facto de a mata não preencher os requisitos de índice de perigosidade de incêndio florestal.

Segundo Henrique Damásio, as incongruências da carta de perigosidade já foram motivo de denúncia junto do ICNF e Ministério da Agricultura, por não considerar um fator essencial “que é o que os terrenos têm”.

(Notícia publicada na edição de 28 de junho do REGIÃO DE LEIRIA e editada)

 

Martine Rainho
Jornalista
martine.rainho@regiaodeleiria.pt

Joaquim Dâmaso
Fotojornalista
joaquim.damaso@regiaodeleiria.pt

Os trabalhos do corte de árvores doentes e secas arrancaram no final do mês de junho

Muitas árvores já foram abatidas no último mês. “É um impacto inevitável. Conseguimos perceber que cada mês que passava havia muito mais árvores em declínio e a secar”, refere Henrique Damásio, secretário-geral da Pinea

Planta de situação referente às 1.566 árvores sinalizadas, em setembro de 2017, com sintomas de doença do nemátodo-da-madeira-do-pinheiro (NMP) na Mata dos Marrazes Foto: Associação Pinea

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