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Caldas da Rainha

“Coletes amarelos” querem parar Leiria na sexta-feira com protesto pacífico

Estimar a adesão ao protesto marcado esta sexta-feira para Leiria é uma tarefa difícil. Convocada através das redes sociais e a exemplo de outras ações agendadas de norte a sul do país, a manifestação “Vamos Parar Portugal” visa protestar contra a diminuição do poder de compra dos portugueses.

A exemplo de outros países, contestação em Portugal inspirou-se no movimento dos “coletes amarelos” iniciado em França

Estimar a adesão ao protesto marcado para Leiria, esta sexta-feira, é uma tarefa difícil. Convocada através das redes sociais e a exemplo das outras ações agendadas de norte a sul do país, a manifestação “Vamos Parar Portugal – Leiria Marinha Grande Ourém e Arredores” poderá atrair centenas como milhares de pessoas. É uma incógnita.

Nem os promotores do evento arriscam certezas, embora algumas expectativas sejam mais ambiciosas do que outras. Enquanto Mike Gonçalves considera que 400 participantes já seria um “bom número”, Micael Carreira eleva a fasquia para cerca de 2.000.

Ao REGIÃO DE LEIRIA, ambos afirmam demarcar-se totalmente de qualquer grupo ou partido político e insistem na realização de uma ação pacífica.

Mike Gonçalves considera mesmo que todos deveriam participar, por estar em causa a perda de qualidade de vida dos portugueses.

Destacando como principais reivindicações o aumento do salário mínimo nacional – idealmente em “cem euros” – e “o alívio da carga fiscal no que toca aos preços dos combustíveis, gás e eletricidade”, Mike Gonçalves, que cresceu em França mas optou em 2009 por viver em Portugal, afirma que o seu poder de compra era então “incomparavelmente superior ao atual”.

Micael Carreira subscreve e considera mesmo que os portugueses “começaram a sofrer mais” desde a transição do Escudo para o Euro. Afirma ser favorável à Moeda Única, mas acredita que os preços dispararam sem que os salários tenham registado os devidos ajustes. Ele que considera também “injusta” a aprovação de valores diferentes para o salário mínimo nos sectores público e privado, bem como “a disparidade” do horário semanal de trabalho entre os dois sectores, diz não compreender os preços dos combustíveis, que não param de aumentar. “É intolerável”, afirma, convicto de que cabe à população demonstrar o seu descontentamento e fazer pressão junto do Governo.

Quanto à data escolhida para a realização do evento, a quatro dias do Natal, Micael Carreira não considera prejudicar o protesto. Ele mesmo diz estar preparado para não arredar pé enquanto não houver sinal do Governo em ceder às reivindicações da população.

“Vou com gosto porque amo e tenho orgulho neste país, e quero melhores condições para os portugueses”, partilha.

Na terça-feira, o Presidente da República disse aos jornalistas acreditar que as manifestações agendadas para sexta-feira vão ser pacíficas, e recordou que os cidadãos também podem manifestar o seu agrado ou desagrado nas legislativas de 2019.

Citado pela agência Lusa, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que “a situação em Portugal é diferente da situação em França”.

A França, vincou, “teve sempre revoluções sangrentas. Portugal teve uma Revolução dos Cravos. Portanto, em Portugal, sabemos compreender que as razões de queixa e indignação e protesto devem ser expressas pacificamente”.

“Uma coisa é a manifestação pacífica, que é timbre de Portugal, outra coisa é a violência que assistimos noutros países”, acrescentou. 

(Notícia publicada na edição de 20 de dezembro de 2018)

MR

Vamos parar Portugal…

São vários os eventos, grupos e páginas criadas nas últimas semanas nas redes sociais para apelar à mobilização dos portugueses esta sexta-feira, dia 21, para protestar contra a diminuição do poder de compra, a estagnação dos salários e o aumento dos preços e impostos. Além de Lisboa, estão a ser organizados protestos em vários pontos do país. Em Leiria, a concentração tem lugar junto ao estádio, e em Caldas da Rainha, na rotunda da Rainha D. Leonor.

Apelo à não violência

Os promotores do protesto em Leiria têm apelado à não violência e afirmam não compactuar com atos violentos ou de vandalismo. Demarcam-se ainda de qualquer estrutura partidária e defendem a proibição de qualquer referência partidária, ou uso de tarjas, bandeiras ou outros símbolos alusivos a clubes de futebol, partidos ou grupos políticos.

PSP atenta

O comandante Distrital de Leiria da PSP não adianta quantos elementos serão destacados para acompanhar a manifestação convocada para Leiria. Ao REGIÃO DE LEIRIA, refere que tem estado a “monitorizar as notícias que vão surgindo nas redes sociais” e que irá estar presente “com os meios que julgar adequados, nos locais onde se venham a realizar concentrações relacionadas com este evento”. Adianta ainda que a sua principal preocupação “é que tudo decorra sem incidentes”.

Principais reivindicações

Encorajados pelo movimento dos “coletes amarelos” em França e a cedência do Governo em alguns pontos, muitos portugueses preparam-se para sair à rua na sexta-feira. Numa petição pública online (que até ao fecho desta edição recolheu 240 assinaturas), afirmam lutar pela diminuição dos impostos (IVA, IRS, IMI, etc.) relacionados com os combustíveis, energia e bens essenciais (alimentação, gás, água e luz); pelo aumento dos ordenados mais baixos e diminuição da carga fiscal para as empresas; e diminuição dos encargos com toda a classe parlamentar, entre outras reivindicações.

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