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Trabalhadores dormem há três dias em carrinha para reclamar vencimentos em atraso

Grupo de trabalhadores de vários pontos do país está concentrado junto à empresa para reclamar até quatro meses de salários em atraso. Responsável da empresa não dá explicações.

Oito funcionários da empresa de limpeza Byeva fazem pressão a frente da sede do escritório, em Leiria, para tentar receber os ordenados em atraso. Alguns trabalhadores estão há quatro meses sem receber.

Divididos em duas carrinhas, os colaboradores dormem e fazem plantão desde segunda-feira, dia 26, junto à sede da empresa, localizada junto ao quartel dos Bombeiros Municipais de Leiria.

“Já estamos cá há três dias. Não tomamos nem banho”, sublinhou em tom de indignação ao REGIÃO DE LEIRIA Carlos Pimenta. “Não nos atendem o telefone e ainda nos ameaçam”, completou João Pereira que, tal como Carlos, é encarregado de limpeza no setor na GNR em Lisboa e veio da capital para reclamar os seus direitos.

Recém-chegada de Viseu na manhã desta quinta-feira, Rosa Coelho juntou-se aos colegas de outras localidades para fazer coro à condição que é vivida, de acordo com ela, por outras 12 funcionárias do mesmo setor.

Segundo os trabalhadores, a situação “já vem de trás” e repete-se à medida que a empresa é selecionada em concursos públicos, recebe a verba referente ao concurso mas depois não paga aos colaboradores.

No escritório de Leiria, duas pessoas ali presentes identificaram-se como “funcionários na mesma situação”.

“Eu não vou dizer nada. Sou um funcionário como eles”, referiu um dos colaboradores, visivelmente nervoso. E completou: “Eu estou aqui a tentar trabalhar para resolver a situação deles e não quero dizer nada porque eu sou só funcionário”.

O responsável pela empresa, Hernâni Esteves, tem estado nos escritórios nos últimos dias, no período da manhã, referem os funcionários, mas sem adiantar qualquer solução. Hoje não estava presente no momento em que o REGIÃO DE LEIRIA foi ao escritórios. Contactado por telefone, o empresário também não atendeu as chamadas do REGIÃO DE LEIRIA. 

(Atualização à 18h20)

Durante a tarde, o empresário Hernâni Esteves foi até ao local mas disse aos funcionários que não tem o dinheiro para lhes poder pagar. Confrontado, entrou no escritório e foi impedido de sair pelos trabalhadores. Cerca das 17 horas a polícia foi chamada ao local para mediar o diálogo, mas até às 18h15 as duas partes ainda não tinham chegado a acordo.

Abordado novamente pela comunicação social, Hernâni Esteves informou que não ia prestar declarações “por se encontrar indisposto”.

Jessica Germano
Jornalista
jessica.m.germano@regiaodeleiria.pt

Joaquim Dâmaso
Fotógrafo
joaquim.damaso@regiaodeleiria.pt

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