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“Quão longe estamos de uma crise igual à de 2008?”

Debate sobre Orçamento de Estado para 2020 levantou, em Leiria, questões sobre o futuro de Portugal mas também ações urgentes para reduzir as alterações climáticas.

Jantar-conferência Orçamento de Estado

Debate sobre Orçamento de Estado para 2020 levantou, em Leiria, questões sobre o futuro de Portugal mas também ações urgentes para reduzir as alterações climáticas

Nomes bem conhecidos no sector da economia em Portugal debateram sobre medidas para a próxima década​ Foto: Nuno Brites | IN TOUCH STORIES

“Quão longe estamos de uma crise igual à de 2008? Há algum sistema que possa substituir o capitalismo?” Foi para responder a estas perguntas e aprofundar-se noutras que o jornalista e leiriense Anselmo Crespo mediou uma tertúlia com cinco nomes bem conhecidos no sector da economia em Portugal, na passada terça-feira, dia 17, em Leiria.

O VI Jantar-conferência, da Sociedade de Revisores Oficiais de Contas Telma Curado, reuniu na Quinta das Palmeiras, em Leiria, um conjunto de empresários, autarcas e formadores de opinião para discutir assuntos relacionados ao Orçamento de Estado para 2020. “Que possamos debater aquilo que é importante para nós, para o nosso país e para a próxima década”, disse a responsável.

E se o desafio foi lançado, os oradores convidados rapidamente responderam, com o tema ambiente a conduzir boa parte da conversa.

“Temos que tomar consciência que é um problema difícil”, lembrou o economista e professor universitário João César das Neves sobre a crise climática mundial, assunto que protagonizou o encontro. “Há limites e esses limites estão a ser atingidos”, completou, mostrando-se ciente de que é preciso reduzir custos para encontrar alternativas.

Jornalista da SIC, José Gomes Ferreira ressaltou que tudo o que diz respeito ao meio ambiente tende para o extremismo. “É o Trump e o anti-Trump”, resumiu. Para o comunicador, o tipo de faturação sobre os meios energéticos deve ser revisto, já que a medida que existe “está a ser subsidiada”.

Otimista por natureza, António Saraiva, Presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), reconheceu o desafio de inovação por parte das empresas, mas mostrou-se confiante. “As boas empresas, os bons empresários têm dado prova de resiliência”, sublinhou. O problema, contudo, está no não-cumprimento de regras iguais por parte dos países. “Se o mundo é uma casa comum, eu não posso ter regras diferentes por quartos”. A desigualdade, neste caso, significa custos que Portugal já tem pago, referiu.

O economista Gabriel Mota Leite, especialista em felicidade, foi além do panorama atual e lembrou o contexto histórico dos últimos 50 anos no qual notou-se um “pico monumental” do Produto Interno Bruto ao redor do mundo. O resultado pode ser visto na melhoria da qualidade de vida das pessoas, mas também num maior conforto material e na possibilidade de muitas pessoas saírem da pobreza extrema. “Temos tido o planeta com mais pessoas”, acrescentou. “De duas uma: ou nós conseguimos rapidamente encontrar tecnologias que façam aproveitamento dos combustíveis fósseis para reduzir a emissão dos gases do efeito estufa ou então nós corremos o risco de andar para trás no conforto material que tínhamos”, considerou.

O quinto nome a integrar a roda de conversa, António Mendonça Mendes, Secretário de Estado para Assuntos Fiscais, lembrou que Leiria tem uma história de participações democráticas e afirmou que a causa climática “é uma das áreas do programa do governo”. Informou ainda que uma linha de força política está em curso para os próximos anos, tal como o tema está no Orçamento de Estado de 2020. “Uma transferência do esforço fiscal do rendimento das famílias e das empresas para taxar o uso de recursos naturais e para dissuadir comportamentos que não contribuem para a descarbonização da economia”, explicou.

O secretário referiu ainda a importância de se tomarem medidas efetivas e de ter consciência para que a transição energética seja possível. “Quando nós falamos que é preciso acabar com os subsídios prejudiciais ao ambiente, estamos a falar das inúmeras isenções que existem aos produtos petrolíferos para produção de eletricidade”, acrescentou António Mendonça Mendes. “Nós temos absolutamente que agir e temos que saber agir, seguros, e tão depressa quanto seja possível”, concluiu.

Jessica Germano
Jornalista
jessica.m.germano@regiaodeleiria.pt

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