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Centro de Investigação do Hospital de Leiria estuda fármacos inovadores

O Centro de Investigação (CI) do Centro Hospitalar de Leiria (CHL) está a desenvolver estudos de fármacos inovadores em diferentes áreas da saúde, decorrendo neste momento 21 ensaios clínicos com medicamentos e/ou dispositivos médicos.

O Centro de Investigação (CI) do Centro Hospitalar de Leiria (CHL) está a desenvolver estudos de fármacos inovadores em diferentes áreas da saúde, decorrendo neste momento 21 ensaios clínicos com medicamentos e/ou dispositivos médicos.

O coordenador do Centro de Investigação, João Morais, revelou à agência Lusa que estão a decorrer 21 ensaios clínicos e estudos observacionais com medicamentos e/ou dispositivos médicos, no âmbito dos serviços de Cardiologia, Oftalmologia, Medicina 1, Neurologia, Gastroenterologia, Psiquiatria e Saúde Mental, Endocrinologia, Dermatologia e Pediatria.

Diabetes, insuficiência cardíaca após enfarte do miocárdio, esclerose múltipla, deficiências oculares e outras patologias complexas, tumores na pele e dermatite atópica e doença inflamatória intestinal estão entre os estudos desenvolvidos no CI, que comemora cinco anos na quinta-feira.

“Os nossos patrocinadores [essencialmente indústria farmacêutica] destacam-nos a qualidade da informação. É reconhecido externamente que o produto que fazemos é bom. Recrutamos o número de doentes que nos comprometemos e temos uma taxa de concretização relativamente elevada”, destaca o também diretor do serviço de Cardiologia do CHL.

Entre 2014 e 2018, o CI aumentou a sua atividade em cerca de 88% e os ensaios clínicos cresceram seis vezes. Foram desenvolvidos 118 projetos de investigação em saúde.

“Neste hospital, estão a ser testados fármacos e produtos que não estão no mercado, permitindo o seu acesso aos doentes, que de outra forma não teriam. Esta é uma das vantagens da investigação”, adianta João Morais.

Pela primeira vez, o CI de Leiria conseguiu passar à fase 2 do estudo de um fármaco na área da cardiologia, o que, segundo João Morais, é algo “raro em hospitais fora dos grandes centros”.

“A fase 1 é para testar se o medicamento faz bem ou mal. Nos estudos fase 2, tenta-se perceber qual a dose ideal. É algo extremamente rigoroso e complexo. É na fase 3 que se vai tentar provar que o fármaco faz mesmo bem. Ser identificado como o hospital que vai fazer um estudo fase 2, dá um prestígio muito grande”.

João Morais salientou que a investigação no hospital de Leiria deu o salto depois da criação deste centro de investigação, pois permitiu “organizar a investigação, tratar de todos os aspetos burocráticos e garantir o apoio da indústria farmacêutica”.

O coordenador do centro afirmou que grande parte da investigação tem como principais protagonistas os médicos, mas lembrou que a equipa é multidisciplinar e existem outros profissionais de saúde e académicos que contribuem para o desenvolvimento dos projetos, com enfermeiros e técnicos de outras áreas.

A farmácia hospitalar é também uma parte “importantíssima” na investigação, pois “garante a qualidade do fármaco, o seu armazenamento, o controlo de temperatura, o transporte de amostras e todo o processo de registos que envolve a utilização de medicamentos”.

O CI está também integrado em investigações ligadas à produção de materiais baseados na inovação tecnológica, através da colaboração com o Politécnico de Leiria e empresas da região.

“Estamos a desenvolver traqueias artificiais, tubos com sensores para a carótida, cartilagem, tecidos para regeneração de pele e aplicações para o exercício físico. A parceria com as empresas é fundamental. Uma delas destinou um setor ao desenvolvimento do projeto das traqueias”, revelou.

Estes projetos ainda vão demorar alguns anos a chegar ao humano. Apenas a ‘app’ já está a ser utilizada pelos doentes, na prescrição de exercício físico.

Admitindo que o “grande impulsionador” do CI e um dos parceiros privilegiados é o Politécnico de Leiria, o responsável confessou que esta ligação permitiu “entrar no circuito dos projetos financiados”.

Mas o objetivo é estender, em breve, a parceria a outras instituições universitárias, tendo como maior ambição duplicar o número de ensaios e de investimento.

“O salto qualitativo surgirá quando puder ter profissionais dedicados em exclusivo à investigação. Qualquer jovem médico chega a Inglaterra e tem no mínimo um quarto do seu tempo para investigação. Aqui a investigação é feita fora de horas, baseada no voluntarismo e dedicação”, criticou, lamentando ainda que os governantes apoiem a investigação “apenas no discurso”.

Lusa

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