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Nazaré

Culto da Nossa Senhora da Nazaré quer ser Património Imaterial da UNESCO

A história quase milenar de fé a Nossa Senhora da Nazaré pode vir a tornar-se Património Imaterial da UNESCO. Essa é a vontade da Nazaré e do Estado do Pará, no Brasil, que vão apresentar a candidatura denominada “Culto de Nossa Senhora de Nazaré – Práticas e Manifestações a Património Cultural da Humanidade”.

Culto da Nossa Senhora da Nazaré

As celebrações em honra de Nossa Senhora acontecem na Nazaré anualmente em setembro Foto: CMN

Sara Vieira
Jornalista

A história quase milenar de fé a Nossa Senhora da Nazaré pode vir a tornar-se Património Imaterial da UNESCO. É, pelo menos, essa a vontade da Nazaré e das suas gentes, onde as crenças ligadas à pequena imagem estão muito enraizadas. A candidatura denominada “Culto de Nossa Senhora de Nazaré – Práticas e Manifestações a Património Cultural da Humanidade” será entregue no próximo mês de março.

O dossiê será apresentado em conjunto pela autarquia da Nazaré e pelo Estado do Pará, no Brasil, onde as celebrações em torno da virgem movimentam anualmente milhões de fiéis.

As duas entidades assinaram um protocolo para a promoção conjunta do pedido de classificação daquele que é considerado “o culto mariano mais antigo do Mundo”, sublinhou ao REGIÃO DE LEIRIA o coordenador da candidatura, Carlos Medeiros.

No epicentro do culto está uma imagem da virgem que deu origem ao culto e à lenda de Fuas Roupinho e que terá sido esculpida pelo próprio S. José, na Nazareth da Galileia (atual Israel), tendo passado ao longo dos séculos pela Grécia, pelo Norte de África (Hipona, atual Annaba, na Argélia) e por um mosteiro próximo de Mérida, no sul de Espanha, antes de chegar ao local hoje conhecido por Sítio da Nazaré.

São, aliás, os representantes destas comunidades, que terão acolhido a Imagem que se julga repousar no Santuário português, que serão os convidados especiais do Encontro Internacional de Comunidades Devotas de Nossa Senhora da Nazaré, agendado para os dias 24, 25 e 26 de janeiro, no Sítio da Nazaré, entre o Santuário e o Teatro Chaby Pinheiro.

Um dos pontos altos será o encontro entre representantes de Belém (Palestina) e da Nazaré (Israel), no dia 25.

A iniciativa pretende “constituir um ponto de encontro de paróquias ou entidades organizadoras de manifestações devocionais”, além de servir de espaço de partilha de ideias e experiências e aprofundamento dos laços entre pessoas e sítios unidos pela mesma cultura espiritual.

Além de incluir os locais que permitem traçar uma antiguidade, ainda que lendária, da Imagem da Nossa Senhora da Nazaré até aos primórdios do Cristianismo, estão também confirmados representantes das comunidades portuguesas, brasileiras ou africanas onde a devoção ainda é viva.

Entre igrejas, capelas, círios, festividades, santuários, escolas e obras sociais dedicadas a Nossa Senhora da Nazaré, foram já “identificadas e mapeadas mais de 300 referências”, segundo o coordenador da candidatura. Defendendo que “nem só de ondas, sol e praia se faz o turismo da Nazaré”, Carlos Medeiros considera que “o turismo religioso tem uma grande força na Nazaré, que pode agora ser reconhecido internacionalmente e até reavivado com esta candidatura”.

O professor estima que no final de 2021 haja um anúncio oficial da candidatura. O levantamento e junção de elementos culturais ao processo conta com a participação da Câmara e da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, da secretaria da Cultura do Estado do Pará, bem como cidadãos das comunidades onde existe o culto e a devoção a Nossa Senhora da Nazaré, em particular dos locais onde se realizam alguns dos Círios mais importantes, como o Círio da Prata Grande e o Círio de Olhalvo (em Portugal) e o Círio de Belém do Pará (no Brasil).

A pretensão de classificação do culto e devoção ao Milagre da Nossa Senhora da Nazaré a Património Imaterial, foi também expressa num dossiê entregue ao papa Francisco em 2018.

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