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Cultura

Companhia Encerrado para Obras admite estar “à beira da rutura” devido a adiamentos

Sediada na freguesia dos Milagres, em Leiria, a estrutura dedicada à música e ao teatro assume que a situação financeira é “muito delicada” após o adiamento de vários espetáculos.

A Encerrado para Obras, companhia profissional de teatro e música com sede em Figueiras, na freguesia de Milagres, Leiria, está “à beira da rutura” depois do adiamento sem data de todos os espetáculos agendados para as próximas semana.

Em comunicado, a companhia, que existe há 25 anos, reconhece uma situação financeira “muito delicada”, assumindo “profunda preocupação” face à situação de contingência na área da Cultura.

David Cruz e Cláudia Santos, que integram em permanência o elenco da Encerrado para Obras, compreendem as medidas tomadas pelas entidades oficiais, mas pedem “medidas urgentes para apoiar agentes culturais que não vivam de subsídios”.

“Não podemos deixar de manifestar a nossa apreensão perante a atual situação: o Governo anunciou medidas para apoiar as empresas, mas até a ver, para apoiar as companhias independentes (as que não vivem dos subsídios mas sim das receitas diretas da venda de espetáculos e bilheteiras), não existe ainda qualquer tipo de apoio”, lê-se num comunicado divulgado pela Encerrado para Obras.

A companhia instalada em Figueira espera que o Governo reaja “urgentemente” à situação, dando como exemplo a Alemanha, onde “a ministra da Cultura já veio a público prometer assistência financeira aos artistas afetados pelos cancelamentos”.

Continuidade em risco

Em 2019 a Encerrado para Obras apresentou 130 espetáculos em 34 concelhos de Portugal (“do Minho ao Algarve”) e também e Espanha e Itália.

“As receitas decorrentes da venda de espetáculos sempre foram a principal fonte de receita do grupo”, explica David Cruz.

Por isso, a vaga de cancelamentos das atuações previstas para Ílhavo, Viseu e Mação afetam profundamente a companhia. “Implica um adiamento na entrada das respetivas receitas”, um valor que quase atinge os 2.500 euros.

“Para uma organização pequena, com uma estrutura financeira altamente precária, este cenário é gravíssimo, pondo em risco a continuidade de um projeto com 25 anos de serviço público em prol da arte, da cultura e da educação”, frisa o fundador.

Para este ano, estão ainda marcados vários espetáculos para Portugal e uma digressão à Roménia, entre 18 e 21 de junho, para participar no Festival Internacional de Teatro de Sibiu. “Enfim, esperemos que os atuais eventos não levem também à desmarcação destes agenciamentos”, desabafa David Cruz.

“Da Cruz One Man Band” lança “Quarentena aberta ao público”

Mesmo com a atividade limitada, a Encerrado para Obras não pára. Hoje mesmo, 21 de março, às 16 horas, a partir da sala de ensaios nas Figueiras, é oferecido através do Facebook da companhia, uma atuação do homem-orquestra “Da Cruz One Man Band”, um sucesso que está prestes a atingir as três centenas de apresentações.

É a primeira atividade da “Quarentena aberta ao público”, um programa especial preparado para levar arte a casa do público.

Hoje haverá oportunidade de ver esta “geringonça musical” da Encerrado para Obras, em que David toca em simultâneo 17 instrumentos, recorrendo às mãos, pés, cotovelos, pulsos e boca.

“Quimicomic” será transmitido no Dia Mundial do Teatro, 27 de março

Na próxima semana, para comemorar o Dia Mundial do Teatro, sexta-feira, 27 de março, às 16 horas, haverá lugar a “Quimicomic”, a proposta de teatro científico para todas as faixas etárias, mas sobretudo para os mais jovens, e que envolve bolas de sabão, ovos contorcionistas, gelo seco, humor, música e muitas surpresas.

O programa preparado pela Encerrado para obras prevê ainda para as semanas seguintes a transmissão de “Boldie & Cloide”, viagem musical aos loucos anos 20, “A Chiclateira”, uma desconcertante orquestra sobre rodas inspirada no universo gastronómico, e “O Bailinho do Homem-Orquestra”, baile teatral com danças cómicas, ideal para pôr os mais pequenos a mexer o corpo de forma coordenada e lúdica.

Durante a “Quarentena aberta ao público” a companhia apela à solidariedade dos espectadores para fazer face à difícil situação financeira que atravessa. No Facebook será indicada uma conta onde o público poderá fazer um donativo e “assim contribuir para que a atividade profissional da companhia não cesse”.

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