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Cultura

Minimalista. “Publicamos cada livro como se fosse o mais especial do mundo”

Doze autores lançaram uma editora de livros independente. Minimalista conta com a participação de vários escritores e artistas plásticos e gráficos de Leiria. “Aviões de papel”, de Paulo Kellerman, é o primeiro título, lançado esta semana.

Minimalista é nome de nova editora de livros com participação de autores de Leiria. Ao todo são doze, também de Lisboa, Porto, Olhão, Sertã, Estarreja e também do Rio de Janeiro, no Brasil, e juntaram esforços para tornar realidade a edição dos próprios trabalhos.

Participam os escritores Ana Gilbert, Ana Moderno, Ana Socorro, Andreia Azevedo Moreira, Cristina Vicente, Elsa Margarida Rodrigues, Joana M. Lopes, Lia Wolf, Liliana Silva, Mónia Camacho, Paulo Kellerman e Sandrine Cordeiro. Licínio Florêncio, Maraia e Sónia Silva assumem o trabalho gráfico, design e de ilustração.

O primeiro volume foi lançado esta semana e chama-se “Aviões de papel”. O romance é de Paulo Kellerman, que falou ao REGIÃO DE LEIRIA sobre o livro e sobre a nova editora independente.

Ilustração: Maraia

O que é a Minimalista?
É uma editora independente, de carácter informal. Nesta primeira fase estamos vocacionados apenas para a ficção mas nada impede que no futuro possamos incluir outros géneros, como a poesia, a fotografia ou o infanto-juvenil.

Porque surge?
Porque preferimos arriscar a concretização de algo em que acreditamos e dar tudo por um projecto de que nos orgulhamos do que ficarmos entretidos com queixas e lamúrias e mal-dizeres.

Quem faz parte de Minimalista?
Somos doze escritores, acompanhados por três pessoas das artes plásticas e gráficas. Temos abrangência nacional e uma pessoa no Brasil. Somos solidários e cooperamos entre todos na medida dos nossos conhecimentos e possibilidades. 

Como vai funcionar? E até onde querem chegar?
Funcionamos como qualquer boa editora independente: publicamos cada livro como se fosse o mais especial do mundo e entregamo-nos a ele de corpo e alma. Mas apesar de todo o idealismo que possamos ter, não deixamos de ser pragmáticos: chegaremos até onde os leitores permitirem, comprando os nossos livros.

Já têm um calendário de lançamentos?
Sim. Teremos um novo livro em Setembro, o primeiro romance de Sandrine Cordeiro. Em novembro publicamos uma antologia com contos originais dos doze minimalistas. Em 2021 estão agendados cinco lançamentos e em 2022 outros cinco. E esta será a primeira fase da Minimalista.

E porquê “Minimalista”?
Porque não queremos complicar. Livros bons e design cuidado para leitores exigentes. 

Que livro é “Aviões de papel”?
É um romance em que cada capítulo surge de forma independente mas em que existem interligações entre os diversos contos, formando uma rede de acasos e dependências. A ideia foi explorar uma série de temáticas e acontecimentos mudando os ângulos e pontos de vista, com uma diversidade de personagens e abordagens que permita a cada leitor questionar as suas próprias perspectivas e desafiar as suas certezas. 

“Neste livro experimento e questiono os limites entre esses géneros [conto e romance], testando algo híbrido”

Em que se distingue das tuas edições anteriores?
Já publiquei diversos livros de contos e um romance. Neste livro experimento e questiono os limites entre esses géneros, testando algo híbrido. Tematicamente, as abordagens também oscilam entre uma perspectiva mais melancólica ou introspectiva e outra mais positiva ou sonhadora. Existe o mesmo jogo de tensões e questionamentos de livros anteriores mas existe uma busca de equilíbrios (do ponto de vista técnico, do ponto de vista temático e do ponto de vista filosófico) que neste livro tem uma preponderância assumida. 

Como tem sido a adesão a este formato de edição por subscrição?
As pré-reservas abrangeram 60% da edição. Como é óbvio, temos todo o interesse em estabelecer acordos com livrarias que partilhem pontos de vista semelhantes aos nossos.

Vivemos um tempo novo. É – ao menos – bom, ou propício, para escrever e/ou para editar livros?
Para escrever, não tem sido um tempo propício. Para editar, logo veremos. Mas houve uma decisão consciente de fazer agora e não aguardar as eventuais condições ideias que no fundo todos esperamos mas acabam por nunca surgir.

Não haverá lançamento convencional. Encontraram alguma forma alternativa de assinalar a saída do livro?
Temos pessoas focadas na divulgação e comunicação, o que tem passado pela criação de conteúdos específicos. Por exemplo, há trabalhos fotográficos de pessoas convidadas concebidos exclusivamente para a Minimalista. Também já foram produzidos quatro vídeos sobre este primeiro livro. Iremos seguir o mesmo tipo de abordagem no futuro. Se houver condições, estamos a pensar fazer um lançamento físico da antologia que está prevista para o final deste ano.

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