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Cantinho dos Bichos

Destruição de ninhos da andorinha dos beirais é crime

A espécie migratória, uma mais emblemáticas aves da nossa fauna, está de regresso para mais um período de nidificação.

A poucos dias do início da primavera, já se sentem algumas mudanças que confirmam que a nova estação está a chegar.

Os dias estão um pouco maiores e mais quentes, as flores começam a colorir os canteiros e, porque o confinamento não os abrange, os animais preenchem o ar livre para aproveitar o melhor que o planeta tem para lhes oferecer.

Esta é também a altura em que se avista um maior movimento de andorinhas, sobretudo das andorinhas dos beirais. A espécie migratória, uma mais emblemáticas aves da nossa fauna, está de regresso para mais um período de nidificação.

No entanto, apesar de este ser um momento de um novo ciclo de vida, há quem considere que as aves não são bem vindas e são muitos os que ainda destroem seus os ninhos.

Para alertar e sensibilizar a população para as consequências deste comportamento, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) lançou um apelo a informar que “na altura em que as andorinhas estão a construir os ninhos e têm crias, é proibido remover os ninhos”.

Por ser crime, punido com coima, os casos detetados devem ser comunicados às autoridades (Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente, através do telefone 808 200 520 ou do e-mail sepna@sepna.pt).

“Infelizmente ainda acontece, por todo o país e todos os anos, a destruição de colónias. O que as pessoas não sabem é que as andorinhas são como nós, voltamos sempre a casa. E elas, mesmo que destruam os ninhos, acabam sempre por voltar ao local onde nasceram e por isso, todos os anos, regressam para construir o ninho e voltam à colónia”, explica João Tomás, do grupo Aves da Batalha.

Com cerca de meia centena de ninhos, na zona da Célula B, na Batalha, o grupo está a monitorizar algumas colónias, com vários anos de presença na região.

Mas por que motivo as pessoas destroem os ninhos? “O barulho que as andorinhas naturalmente fazem e os excrementos que caem nas paredes e no chão são os principais motivos. Mas há soluções para isso”, afirma João Tomás.

A instalação de plataformas por baixo dos ninhos permite que as paredes não fiquem sujas e sejam mais fáceis de limpar, quando as andorinhas partirem, e por questões de saúde pública. A colocação de ninhos comerciais, em forma de taça, é outra opção adotada quer por municípios em toda a Europa, quer por particulares.

“As pessoas são umas sortudas em ter andorinhas em casa. Elas comem centenas de insetos por dia, milhões por ano, das espécies mais chatas para nós, como as moscas, os mosquitos e as melgas. Ou seja, a sua presença traz benefícios para todos. É simplemente a natureza a funcionar”, realça.

Com a chegada do outono, ou seja, após o período de nidificação, a remoção dos ninhos é possível, desde que autorizada pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, que indicará quando é que os ninhos podem ser removidos.

(Artigo corrigido a 10 de março de 2021, com alteração da imagem que ilustra o artigo. A imagem anterior reportava-se à andorinha-das-chaminés, outra espécie também presente no país).

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