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Ambiente

PAN: “O ministro do Ambiente tem sido um autêntico ministro das suiniculturas”

“Mais parece” que coloca “as vestes da economia”, diz porta-voz do PAN

A porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, acusou esta terça-feira, dia 6, o ministro do Ambiente de ser o “ministro das suiniculturas”, considerando que “mais parece” que coloca “as vestes da economia”, e reiterou a necessidade de uma remodelação governamental.

“O ministro do Ambiente não pode ser aquilo que tem sido até agora, um autêntico ministro das suiniculturas, um ministro que fecha os olhos àquilo que é também uma necessidade de proteger o meio ambiente e que, em detrimento disso, mais parece que, reiteradamente, coloca as vestes da economia”, afirmou Inês de Sousa Real.

A líder do Pessoas-Animais-Natureza falava em Leiria, no encerramento das primeiras jornadas parlamentares do partido, sob o mote de “Travar o ponto de não retorno, ação de resposta à crise climática”, onde esteve na Mata Nacional de Leiria, na ribeira dos Milagres e no canil municipal.

Para Inês de Sousa Real, o ministro João Pedro Matos Fernandes, que tutela o Ambiente e a Ação Climática, deveria “olhar para aquilo que é o desafio que tem em suas mãos, a mais elevada responsabilidade, não só para o país, como para o planeta, travar o ponto de não retorno”.

Antes, a também deputada considerou que “tem sido bastante claro a inação do Governo” em matéria ambiental.

“Não podemos continuar a ter de norte a sul e ilhas o país a saque em matéria ambiental, desde as estufas na costa vicentina aos painéis solares que agora são instalados destruindo tudo aquilo que é o arvoredo ou, como vimos aqui mesmo em Leiria, suiniculturas que continuam a fazer as suas descargas de efluentes sem qualquer tipo de controlo, num autêntico país sem rei nem roque”, prosseguiu.

Referindo-se à ribeira dos Milagres, alvo recorrente de descargas poluentes atribuídas às suiniculturas, Inês de Sousa Real afirmou que o PAN quer “ribeiros mais limpos, rios mais protegidos e mais despoluídos, e isso não se coaduna com a total ausência de política pública em matéria ambiental, não apenas na recuperação destes ecossistemas, mas também de travar a instalação de pecuárias ilegais que existem em todo o país e que não são de forma nenhuma nem fiscalizadas, nem controladas”.

Para a porta-voz do PAN, “é fundamental, de uma vez por todas”, o país ter “uma política quer ambiental, quer de proteção animal, quer de saúde publica interligada e transversal aos vários ministérios”.

“Ter os ministérios de costas voltadas uns para com os outros e de costas voltadas para os interesses da população é algo que não pode acontecer no nosso país”, defendeu, insistindo na necessidade de “uma remodelação no Governo que se aproxime daquilo que são as verdadeiras preocupações das pessoas e as verdadeiras preocupações do século XXI, combater a ação climática e ter uma política mais empática para com as pessoas e também para com os demais seres que partilham” o planeta.

Em dezembro de 2020, o ministro admitiu que não será construída uma estação de tratamento de efluentes suinícolas em Leiria, por falta de compromisso com os empresários do setor.

“A solução de uma grande ETAR [estação de tratamento de águas residuais] demonstra ser uma solução ineficiente, que vai obrigar a um investimento grande”, disse então, observando que “o problema não está no investimento, mas na garantia e no compromisso de quem produz efluentes de os levar a essa mesma ETAR, porque não existe uma rede de esgoto”.

Na sexta-feira, a porta-voz do PAN criticou a postura do ministro da Administração Interna em relação ao acidente envolvendo a viatura onde seguia que vitimou uma pessoa, e defendeu a sua substituição, juntamente com outros ministros.

Mais meios para a gestão florestal

A porta-voz do PAN (Pessoas-Animais-Natureza) defendeu esta terça-feira, dia 6, mais meios para a gestão florestal e uma visão estratégica para a floresta e meio ambiente, sob pena de o país perder a guerra contra as alterações climáticas.

“Saímos daqui com a convicção de que é fundamental que a Assembleia da República [legisle] – e o PAN também fará a sua parte nesta matéria – para que existam mais meios para a gestão florestal”, afirmou Inês de Sousa Real aos jornalistas em Monte Real, concelho de Leiria, no âmbito do segundo e último dia das jornadas parlamentares do partido, com o mote “Travar o ponto de não retorno, ação de resposta à crise climática”.

Para a porta-voz do PAN e deputada, o país tem de ter “uma visão estratégica” para a floresta e meio ambiente, “sob pena de incêndio após incêndio” continuar “a perder esta guerra que se está a travar, “seja em relação às alterações climáticas, seja à inércia que tem marcado a gestão florestal”.

A comitiva do PAN esteve na Mata Nacional de Leiria, onde, nas imediações da Base Aérea de Monte Real, pôde ver uma casa de guarda-florestal abandonada junto à qual se acumula lixo e ouviu do secretário-geral da PINEA – Associação Florestal Litoral, Henrique Damásio, as preocupações sobre a floresta e o estado desta mata nacional, com cerca de 11 mil hectares, 80% dos quais destruídos com o incêndio de outubro de 2017.

À pergunta se o estado da Mata Nacional de Leiria está muito pior do que antes do incêndio, Inês de Sousa Real disse que “não houve qualquer tipo de evolução naquilo que é uma adequada gestão florestal”, lamentando que esta seja “uma matéria a que sucessivos governos não têm dado resposta”.

“O próprio regime jurídico atualmente em vigor (…) não tem colaborado para que exista uma clarificação do ponto de vista daquilo que são as obrigações, quer dos proprietários, quer da correta gestão florestal”, assinalou.

Para a porta-voz do PAN, partido que tem três deputados na Assembleia da República, “confunde-se muito aquilo que é uma visão assética e de cortar tudo aquilo que é o arvoredo ou o revestimento vegetal”, o que coloca em causa “a valorização da floresta do ponto de vista do ecossistema”.

“É perfeitamente compatível termos uma floresta que é protegida enquanto valor ambiental, mas também que constitui uma fonte de rendimento ou uma área económica para o país”, sustentou.

Alertando para a falta de meios, como vigilantes da natureza ou incentivos públicos, Inês de Sousa Real declarou que o país tem uma “oportunidade única” com o Plano de Recuperação e Resiliência, mas também com os quadros plurianuais da União Europeia, para acrescentar que “a floresta tem um potencial de trabalho que se estima já em 61 mil postos que podem ser criados através do chamado empreendedorismo verde”.

“Esta é, de facto, uma oportunidade que Portugal tem perdido e tem ficado para trás, para transformarmos não só a floresta em mais valor para o país, mas também para combatermos as alterações climáticas”, continuou.

Para a porta-voz do PAN, é igualmente necessária “formação e sensibilização”, assim como “maior cultura de segurança e de proteção do património natural”, o que é fundamental para que “não se tenha a floresta ao abandono e com consequências absolutamente trágicas quer para as pessoas, quer para a própria biodiversidade”, evitando consequências de “fenómenos climatéricos extremos que se tendem a agravar”, como os incêndios e as ondas de calor.

“O PAN tem defendido há muito, por exemplo, a necessidade de termos, quer o cadastro nacional das florestas feito, quer também os atlas de risco das alterações climáticas, coisa que até aqui não aconteceu. E isso de facto é incompreensível, com tanto dinheiro que temos da União Europeia e com a necessidade, mais do que premente, de existir uma estratégia nacional para a gestão florestal que até hoje ela não tenha acontecido”, adiantou Inês de Sousa Real.

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