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Leiria

Quase uma dezena de pessoas vive em condições precárias numa habitação no centro histórico

Roupa amontoada, colchões velhos no chão com cobertores sujos e quartos menores que despensas é o cenário encontrado nos três pisos do prédio com o nº40, localizado na rua Comandante João Belo.

Todos os dias, dezenas de pessoas passam pela rua Comandante João Belo, no centro de Leiria, mas poucas conhecem a realidade que se esconde há vários anos dentro do prédio com o nº 40.

O cheiro a urina sente-se logo à entrada do edifício degradado, onde vivem atualmente sete pessoas- segundo as contas de uma moradora – distribuídas por três pisos. Na visita que o REGIÃO DE LEIRIA fez ao edifício, acompanhado pelo Bloco de Esquerda, são evidentes as condições de insalubridade existentes.

Em todos os andares, vê-se roupa suja amontoada e colchões velhos no chão, com cobertores igualmente sujos e gastos. Não há estantes para colocar livros ou guardar pertences nem outras comodidades usuais. Os quartos, existem um pouco por todo o lado. Até o mais pequeno compartimento deste imóvel é improvisado com um colchão para acolher (mais) uma pessoa. Só no último piso, que corresponde ao sótão, há sete divisões adaptadas a quartos, algumas com menos metros quadrados que uma despensa.

Há até quem durma debaixo do vão de escadas que liga o segundo piso ao terceiro. Ainda no último andar, um frigorífico antigo, um fogão a gás bastante degradado, bem como uma mesa pequena são o mais próximo dos utensílios de uma cozinha que os moradores que ali vivem possuem.

No quarto do sr. José, no sótão, o cenário reflete igualmente a falta de condições. Por ali, existe uma mesa de esplanada, uma mesa de cabeceira, um armário, uma cama e pouco mais.

No segundo piso, além dos quartos, fica a casa de banho, com loiça partida e sem higienização. Dois papéis fixados na porta, assinados pela senhoria, informam os moradores que não devem utilizar água quente “para lavar roupa manualmente” e os horários para tomar banho: à terça-feira, das 11 às 5 [17] horas, e à sexta-feira, entre as 8 e as 2 [14] horas, lê-se.

À semelhança das restrições para tomar banho, um cadeado impossibilita a utilização da máquina de lavar roupa. Segundo Alice, outra residente, apenas têm autorização para realizar essa tarefa uma vez por mês. Além disso, salienta, chove nos quartos e a luz da casa de banho está avariada.

A somar às condições precárias, os moradores pagam rendas elevadas, entre 100 e 140 euros. No caso do sr. José, o pagamento mensal é de 27 euros, e feito em dinheiro, sem receber recibo, conta o próprio. Já Carlos, outro morador, explica que desconhece quanto paga, dizendo que é a Segurança Social (SS) quem trata do assunto.

Alguns dos residentes desvalorizam as condições em que vivem. Carlos, por exemplo, diz que “quando é oferecido, não se pode contestar”. “Estou satisfeito, sou dono de mim”, completa.

O caso deste prédio foi tornado público pelo Bloco de Esquerda, na segunda-feira, durante o debate eleitoral organizado pelo Jornal de Leiria. Na terça-feira, o candidato visitou o local, acompanhado de jornalistas, pouco depois de uma equipa técnica da Câmara Municipal de Leiria ter estado no prédio a avaliar as condições de habitabilidade.

Ao REGIÃO DE LEIRIA, a vereadora da Ação Social Ana Valentim explica que a autarquia desconhecia o caso e diz que “deve ser a entidade responsável pelo encaminhamento dos residentes para aquela resposta habitacional a pronunciar-se sobre o assunto”.

Da mesma forma, fonte da SS refere não estar a par das condições denunciadas, evidenciando que vai “reportar a situação às autoridades competentes”. Explica ainda que a SS não encaminha cidadãos para o edifício e tem a função apenas de indicar as “estruturas tipo pensão/hostel devidamente certificadas, de baixo custo, existentes no concelho de Leiria” que são, depois, escolhidas pelos utentes.


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