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Sociedade

Primeira marcha pelos direitos LGBTQIA+ de Leiria acontece este sábado

Iniciativa visa combater a homofobia, a transfobia, o discurso do ódio e todas as formas de discriminação.

imagem da equipa organizadora da marcha

Está tudo a postos para Leiria receber este sábado a sua 1ª Marcha pelos Direitos LGBTQIA+. A população está convidada a sair à rua para defender a diversidade contra todas as formas de discriminação, a homofobia, a transfobia e o discurso do ódio. A concentração tem lugar às 16 horas na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS).

O evento, idealizado há cerca de dois anos, chegou a ser agendado para setembro do ano passado. Contudo, a pandemia trocou as voltas ao movimento LGBTI Leiria que não desistiu do projeto e desafiou o Grupo de Leiria da Amnistia Internacional (AI), a Collippo e as associações de estudantes (AE) da ESTG, ESECS e ESSLei, a colaborar. A Câmara também se associou à causa e tem prestado “todo o apoio”.

“O intuito da marcha é defender os direitos LGBT que são muito mais do que os direitos da comunidade LGBT. Qualquer pessoa pode rever-se nos direitos que defendemos. Não é preciso ser gay ou lésbica para ser discriminado. Também as pessoas hetero que não seguem as normas da heteronormatividade podem sentir-se discriminadas”, adianta João Cartaxo, porta-voz do movimento.

E como responde o movimento a quem questiona a necessidade ou pertinência de uma marcha gay? “A importância começa quando há o questionamento, logo aí é importante se uma pessoa heterossexual cisgénero [que se identifica com o género atribuída à nascença] nunca foi discriminada por esses motivos e pela sua existência. Esta pergunta é muitas vezes associada a uma falsa igualdade: ‘por que não ter uma marcha do orgulho heterossexual’? Porque o orgulho heterossexual nunca foi posto em causa, nunca foi ameaçado mas nós vemos em muitos países da Europa estas liberdades ameaçadas”, explica por sua vez Laura Quitério.

E por ser “uma questão de direitos humanos”, a AI não podia ficar de fora. “Achamos que devíamos contribuir”, tanto mais que este é também um tema abordado nas sessões de educação para os direitos humanos que o grupo leva às escolas, adianta a coordenadora local, Camila Coelho, ainda que note pouca abertura por parte dos jovens em falar de orientação sexual.

Segundo João Cartaxo, um estudo recente realizado em Portugal indica que “apenas 34% das pessoas LGBT tinham a coragem e liberdade de falar sobre a sua orientação sexual”.

“Muitas não se sentem confortáveis e acabam por esconder e isso cria imensos conflitos. Vivemos numa sociedade heteronormativa onde a norma é uma relação entre um homem e uma mulher. Quem não entra nessa caixa sente-se excluído e afeta toda a sua vida. Não é só uma questão pessoal mas de vivência entre pessoas, de respeito e de empatia por todos e todas”, destaca ainda o responsável, frisando a importância da marcha para “ajudar a abrir mentalidades e chegar às pessoas que ainda estão no armário ou não percebem o que se passa com elas”. “A falta de conhecimento também afeta as pessoas LGBT e muitas não percebem porque é que a sua vida sentimental não é bem sucedida ou por que não se sentem bem no corpo que têm”, acrescenta.

E Leiria está preparada para receber uma marcha LGBT? “Está mais do que preparada”, acredita Flávia Sousa, da Collippo. Expectante quanto à participação dos leirienses, afirma que a iniciativa se enquadra nos objetivos da Collippo que se dedica a “fazer a ponte”. “Nós queremos abrir espaço para os jovens ocuparem a cidade e esta marcha faz todo o sentido porque é um ponto aglomerador de vontades e de vivências”.

Sendo também propósito das associações de estudantes “tornar as escolas do ensino superior num espaço seguro para os jovens poderem questionar a sua orientação sexual e a sua identidade de género e falar abertamente sobre isso”, Joel Rodrigues, da ESTG, entende que a “academia” não podia deixar de colaborar com o seu know how e experiência na organização deste tipo de eventos e tentar mobilizar os alunos.

Respeitar o outro

“Não conheço a realidade das outras escolas mas sei que na minha há muitos estudantes a passar por esta fase e acho que é importante perceberem que a AE está presente. Por outro lado, também ajudamos os outros estudantes a perceber que a AE respeita todos do mesmo modo”, acrescenta Bruna Bastos da ESSLei.

Posição partilhada por Tânia Santos, da ESECS: “Se na escola, que tem cursos na área social, apelamos à inclusão e à não discriminação, não fazia sentido não estarmos incluídos como também não fazia sentido a concentração não iniciar na nossa escola porque somos nós que temos de dar o exemplo”. “Não devemos só defender as causas que nos afetam mas que afetam a todos, porque se a pessoa que está ao meu lado não está bem ou está a ser mal tratada ou discriminada por gostar de alguém, algo não está correto e eu não posso estar bem”, sustenta.

Quem participar na marcha pode levar cartazes, bandeiras e “a sua personalidade”, acrescenta Laura Quitério. A marcha irá percorrer o centro da cidade até ao jardim Luís de Camões onde será lido o manifesto. Embora a máscara já não seja obrigatória na rua, o movimento encoraja o seu uso.

Cores e siglas

LGBTQIA+, a sigla que tem vindo a crescer e a adotar mais letras, abrange pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexo, Assexuais e Arromânticas e mais.

O cartaz da marcha, concebido por Fábio Casaleiro, conjuga as cores das bandeiras LGBTI, lésbica, pansexual, arromântica, bissexual, não-binária e trans com os simbolos da cidade: o corvo, o rio Lis, o Pinhal de Leiria, a flor do Lis e o Castelo de Leiria.

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