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SOS Ucrânia

Task force trabalha de forma permanente para integrar refugiados

São funcionários do Município de Leiria e estão afetos aos pelouros da ação social e proteção civil e ao estádio. Por estes dias são os rostos que se cruzam com os refugiados que estão no estádio e procuram responder às suas necessidades

Imagem da task force junto ao estádio de Leiria
Equipa da Câmara de Leiria procura dar resposta às necessidades de acolhimento e integração dos refugiados. Foto: Joaquim Dâmaso Joaquim Dâmaso

Tratar do título provisório de residência é uma das principais preocupações dos cidadãos ucranianos que já foram acolhidos em Leiria. Alguns receiam que ao circular na cidade, sem documentos, tenham problemas e por isso evitam as deslocações.

Quebrar essa “barreira” é uma das muitas tarefas que a task force (grupo de trabalho), criada pela Câmara de Leiria para acompanhar os acolhidos no estádio de Leiria, está a realizar. São cerca de 15 funcionários associados aos pelouros da Ação Social, Proteção Civil e Desporto (estádio), que se articulam para dar a melhor resposta possível a todas as necessidades resultantes da atividade do Centro de Acolhimento Temporário. E são muitas.

Os primeiros deslocados que chegaram a Leiria, na semana passada, estiveram no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras na segunda-feira. Os restantes devem por lá passar nos próximos dias. O título de residente dá-lhes automaticamente os números de Segurança Social e Serviço Nacional de Saúde, o que permite o acesso ao abono de família e rendimento social de inserção.

Para amanhã, sexta-feira, técnicos do IEFP vão estar reunidos com estes cidadãos, na sua maioria com habilitações, para identificar as suas áreas profissionais e encontrar uma oferta de emprego.

Ana Valentim, vereadora da ação social e uma das “almirantes” desta task force, a par de Luís Lopes e Carlos Palheira, está otimista quanto à inserção destes deslocados no mercado de trabalho. “Temos muitas empresas que se disponibilizaram para os acolher. Há um sector que vai ser muito importante, o serviço social. Vimos na pandemia que houve alguma dificuldade por falta de recursos humanos. Acredito que pode ser uma oportunidade para estas jovens mães integrarem o mercado de trabalho”, diz.

Em paralelo, outros elementos da task force estão a articular a inscrição das crianças nos estabelecimentos de ensino dos agrupamentos de escolas do concelho, e os mais novos serão encaminhados para creches, não estando excluída a possibilidade de criar uma estrutura de apoio para as crianças mais pequenas. “Nós acolhemos e queremos acolhê-los da melhor forma mas também temos que lhes criar a estrutura para que estas mães possam ganhar autonomia”, refere Ana Valentim.

Parte dessa autonomia também se consegue pelo conhecimento da língua. Vários professores já se disponibilizaram para ensinar português aos deslocados e são muitos os que ao segundo dia de presença em território nacional dizem “bom dia” e “muito obrigado” de uma forma quase perfeita.

Roupa, alimentação e outras necessidades estão a ser coordenadas, por uma técnica de serviço social, que está no estádio, através de um protocolo da Câmara com a AMITEI e a Segurança Social.

E na tentativa de ajudar à sua integração e esquecer, se é que é possível, o que acontece na Ucrânia, a autarquia tem fomentado alguns momentos de lazer e atividades pela cidade. Amanhã, sexta-feira, vão ao circo Cardinalli.

Por último, e igualmente importante, é encontrar uma habitação permanente. A autarquia tem recebido inúmeras respostas de particulares e empresas a disponibilizar alojamento e os processos serão analisados a curto prazo para que os refugiados consigam deixar o estádio o mais breve possível e iniciar a sua “nova” vida de forma autónoma.

Na terça-feira, estavam no estádio de Leiria 38 refugiados, 21 dos quais chegaram no dia anterior num autocarro organizado pela Câmara de Leiria. Outras nove pessoas foram acolhidas num edifício cedido pela empresa Secil, na Maceira.

Questionada sobre quantas pessoas ainda vão chegar a Leiria, Ana Valentim não arrisca. “Enquanto tivermos capacidade de resposta, vamos acolhendo e a nossa premissa é acolher com qualidade. É difícil prever quantas pessoas vêm para Leiria, uma vez que não conseguimos controlar as pessoas que vão à fronteira, com as suas carrinhas, e trazem deslocados”, salienta.

Também não diz quantos querem ficar a viver por cá: “Se muitos querem trabalhar e ficar, também há quem nos diga que se o conflito parar voltam a casa, independentemente das circunstâncias em que vão encontrar a sua cidade e o seu país. É a sua cidade e o seu país!”, conclui.

Jerónimo Martins realiza “gesto simples”

Na terça-feira, o grupo Jerónimo Martins, através do Recheio, de Leiria, e da marca Pingo Doce, entregou à autarquia bens alimentares, em quantidade suficiente para confecionar 1.500 refeições, e um cartão de compras para aquisição de produtos frescos.

“Este é um apoio inicial que estamos a dar, pois percebemos que esta parte não estava totalmente salvaguardada nas múltiplas iniciativas que existem”, explicou Tiago André, coordenador do programa de Desenvolvimento Sustentável e Impacto Local do Pingo Doce.

Os bens, adianta o responsável, “serão reforçados, se necessário”, mediante o fluxo de refugiados recolhidos em Leiria. E vão igualmente ser encaminhados para as famílias ucranianas que estão a receber familiares ou amigos nas suas habitações e que manifestem essa necessidade.

Arroz, massa, leite, farinha, açúcar, cogumelos, bolachas e batatas fritas são alguns dos produtos que compõem as prateleiras. Os frescos (legumes, fruta,…) serão adquiridos pela autarquia, através do tal cartão oferta.

Para além disso, cada refugiado que chega ao Centro de Acolhimento em Leiria recebe também um kit com produtos de higiene pessoal.

“É um gesto muito simples mas com muito significado. Na loja de Leiria temos uma colaboradora ucraniana e percebemos facilmente o impacto que um acontecimento destes tem na vida destas pessoas”, reforça Sabino Oliveira, gerente do Recheio Leiria, empresa que também já disponibilizou ofertas de emprego para refugiados.

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