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Ambiente

Comissão de Defesa da Ribeira dos Milagres denuncia descarga de efluentes

Rui Crespo fez a participação à GNR e alertou os autarcas depois de ter verificado uma descarga com violência na ribeira dos Milagres.

Foto de arquivo

O porta-voz da Comissão de Defesa da Ribeira dos Milagres denunciou hoje à GNR de Leiria uma nova descarga de efluentes suinícolas, situação que terá sucedido durante a ocorrência das chuvas, disse à Lusa Rui Crespo.

“Logo que começaram os salpicos surgiram as descargas, mas não eram muito visíveis. Já tinha estado no local com duas militares do Ambiente da GNR. Hoje comecei a ver sinais desde a ponte das Figueiras, que vinha a montante entre a zona das Figueiras e da Madalena. Cheguei à ponte da Catraia e verifiquei uma descarga com violência na ribeira dos Milagres”, relatou à Lusa o porta-voz da comissão.

Rui Crespo fez a participação à GNR e alerta os autarcas e o delegado de saúde para “tomarem uma posição”, até porque “ainda se está em época balnear”.

“Não deveriam deixar ninguém tomar banho na praia”, sublinhou, ao lamentar que “tudo continua na mesma”.

Segundo Rui Crespo, “vêm as chuvas e começam as descargas”. “O ministro veio prometer a construção de uma ETES [estação de tratamento de efluentes suinícolas] e depois veio afirmar que iam aproveitar a que estava e transportar os efluentes para o Alentejo”, criticou, questionando se essa será uma solução viável.

O porta-voz da Comissão de Defesa da Ribeira dos Milagres revelou ainda que as zonas dos Milagres, dos Pinheiros e das Chãs estão também a ser afetadas por uma “infestação de moscas”, exibindo fotos à Lusa de dezenas de insetos, que foram mortos com recurso a inseticida.

“Isto só tem uma explicação: suiniculturas”, apontou.

A construção de uma estação de tratamento de efluentes suinícolas foi aprovada em novembro de 2021 na Assembleia da República com as abstenções do PAN, da Iniciativa Liberal e da deputada não inscrita Cristina Rodrigues.

Na Comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território foram apresentados cinco textos, que analisam a problemática da poluição no rio Lis e apresentam medidas semelhantes para a sua resolução.

“Não faz sentido construirmos uma estação que não temos a mais pálida garantia de um dia vir a ser utilizada”, disse o então ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, numa audição regimental na comissão de Agricultura e Mar em março, lembrando que existe a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Coimbrão, em Leiria, que é pouco utilizada, apesar de ter capacidade para tal.

“Se temos uma com capacidade para poder fazer que nada faz, fazer uma ao lado, ainda com maior capacidade, a verdade de vir a fazer alguma coisa é praticamente nula”, sustentou.

O ex-ministro do Ambiente reconheceu em abril ter mudado de opinião quanto à construção de uma ETES em Leiria, considerando que “o principal destino dos efluentes pecuários é a valorização agrícola”.

“Acreditámos, numa determinada fase, que a solução poderia ser uma solução pública através de uma ETES. É um facto”, afirmou João Pedro Matos Fernandes, no parlamento, em Lisboa, onde foi ouvido na Comissão de Agricultura e Mar sobre a poluição na bacia hidrográfica do Lisboa, numa audição requerida pelo Bloco de Esquerda.

O governante ressalvou, contudo, que há uma coisa onde não mudou de opinião: “Acredito mesmo que vamos resolver este problema, pensando numa forma diversa”, garantiu.

Em dezembro de 2020, o ministro admitiu que não será construída uma ETES em Leiria, por falta de compromisso com os empresários do sector.

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