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Marinha Grande

Professora julgada por maus-tratos na Marinha Grande disse que puxão de orelhas a alunos foi ato irrefletido

Docente está acusada de dois crimes de maus-tratos a dois alunos, então com 7 anos, na escola do 1.º ciclo do Pilado

Julgamento decorre no Tribunal da Marinha Grande Foto de Arquivo

Uma professora suspeita de dois crimes de maus-tratos a dois alunos do 1.º ciclo assumiu hoje, no Tribunal Judicial da Marinha Grande, ter dado um puxão de orelhas a cada um e reconheceu ter sido um ato irrefletido.

“Eu dei um puxão de orelhas a cada um dos meninos”, afirmou ao tribunal a docente, de 52 anos, garantindo que foi um “ato irrefletido” e que “nunca foi uma atitude que tivesse aplicado fosse onde fosse”.

A docente está acusada pelo Ministério Público de dois crimes de maus-tratos a dois alunos, então com 7 anos, na escola do 1.º ciclo do Pilado, Marinha Grande.

Segundo o despacho de acusação, na tarde de 18 de março de 2021, “a arguida encontrava-se a dar aula à turma dos dois menores” quando, porque estes não se encontravam atentos, se dirigiu a um deles e “agarrou-o com força por um braço”, levando-o para o exterior da sala, no corredor. O MP referiu que a professora fez o mesmo em relação a um segundo aluno.

“Nesta sequência, os menores, porque se encontravam sozinhos no corredor da escola, começaram a brincar e sempre que alguém passava por eles diziam ‘pum, pum’ e faziam como se estivessem a dar tiros”, relatou o MP.

Depois, sem que nada o fizesse prever, a arguida dirigiu-se ao corredor e agarrou os dois menores por uma orelha, “com bastante força”, levando-os para a sala de aula.

De acordo com o documento, a conduta da professora provocou dores e mal-estar nas crianças.

Através daquele documento, também se descreve as lesões que sofreram e que determinaram, num caso, cinco dias de doença e noutro três.

Em tribunal, a professora, que tinha a seu cargo 25 alunos, do 1.º e 2.º anos, recordou que aqueles vinham de uma situação de pós-confinamento e, “em geral, agitados”.

Concretamente no caso destes dois menores, “estavam muito agitados” e “levantados”, pelo que os advertiu “por diversas vezes (…), sempre com calma”.

“Disse para saírem da sala, para ficarem junto da porta de entrada, que estava aberta”, relatou, assegurando que não os agarrou e explicando que ambos “não acalmaram” e “continuaram na brincadeira” no exterior da sala.

“Foi quando saí e, num ato irrefletido, puxei as orelhas”, declarou, esclarecendo: “Eu agarrei e larguei, dois, três segundos”. Negou ainda que os tenha arrastado pelas orelhas.

Questionada sobre qual a reação das crianças, a arguida explicou que “acalmaram e ficaram surpresos”, porque, enquanto docente, “não é normal” ter esta atitude.

A docente adiantou que depois falaram os três, pediu desculpa, “assim como eles”, notando que nenhum chorou, mas um deles “disse que lhe doía um bocadinho a orelha” e outro “tinha a orelha vermelha”.

“Falámos sobre o que tinha acontecido e pedi desculpa pela minha atitude. Eles reconheceram que se tinham portado mal”, precisou, acrescentando que no dia seguinte falou com progenitores das crianças, dando conta do que tinha sucedido e pediu desculpas de novo, dia em que verificou que um deles “não tinha nada” e outro “tinha uma feridita”.

Um dos alunos continuou na mesma escola até ao final do ano letivo, o outro foi transferido após o segundo período.

O julgamento prossegue com a audição de testemunhas.

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