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Sociedade

Presidente da Conferência Episcopal reconhece situação “dramática” mostrada por relatório sobre abusos

“Daquilo que vimos, ouvimos e não podemos ignorar, é uma situação dramática que vivemos e não é fácil ultrapassá-la” disse José Ornelas.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) reconheceu hoje que os resultados do relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica não podem ser ignorados e admitiu estar-se perante uma situação “dramática”.

Em declarações no final da primeira parte da sessão de apresentação do relatório da Comissão Independente, José Ornelas deixou uma primeira palavra “para as vítimas” e um “grande agradecimento” ao grupo de trabalho liderado pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht.

“Daquilo que vimos, ouvimos e não podemos ignorar, é uma situação dramática que vivemos e não é fácil ultrapassá-la”, mas “não nos iludíamos também sobre aquilo que havia de ser [o resultado do relatório]”, disse José Ornelas, remetendo outros comentários para a conferência de imprensa que dará esta tarde, em Lisboa.

O também bispo de Leiria-Fátima, deixou uma primeira “lembrança para as vítimas”, pelas quais o trabalho da Comissão foi feito.

José Ornelas sublinhou a tarefa levada a cabo pela Comissão, constituída por “pessoas competentes, pessoas apaixonadas pelo seu trabalho, pessoas que viveram emocionalmente tudo aquilo que fizeram, porque não se pode passar por isto sem emoção profunda, e empatia, mas que trabalharam independentemente, porque foram essas as condições desde o início”.

Hoje, na sessão de apresentação do relatório da Comissão Independente sobre os casos de abuso na Igreja Católica desde 1950, Pedro Strecht revelou que foram validados 512 casos de 564 testemunhos recebidos, apontando a extrapolação de um número mínimo de vítimas da ordem das 4.815. O espaço temporal abrangido pelo trabalho da comissão estendeu-se de 1950 a 2022, tendo a comissão começado a receber testemunhos em 11 de janeiro do ano passado.

Os casos de abusos sexuais revelados ao longo de 2022 abalaram a Igreja e a própria sociedade portuguesa, à imagem do que tinha ocorrido com iniciativas similares em outros países, com alegados casos de encobrimento pela hierarquia religiosa a motivarem pedidos de desculpa, num ano em que a Igreja se vê agora envolvida também em controvérsia, com a organização da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa.

Hoje será conhecida a primeira reação da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), presidida pelo bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas, e para 3 de março foi já convocada uma assembleia plenária extraordinária da CEP para analisar o relatório.

Liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, a comissão independente é ainda constituída pelo psiquiatra Daniel Sampaio, pelo antigo ministro da Justiça e juiz conselheiro jubilado Álvaro Laborinho Lúcio, pela socióloga e investigadora Ana Nunes de Almeida, pela assistente social e terapeuta familiar Filipa Tavares e pela cineasta Catarina Vasconcelos.

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