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Leiria

Projeto de associação dos Marrazes reduziu para metade o sentimento de solidão de idosos

O projeto “superou as expectativas”, segundo disse o coordenador Miguel Mesquita, durante a apresentação do balanço do Super@Solidão

idoso solidão banco de jardim sozinho

O projeto Super@Solidão da Associação de Solidariedade Social de Marrazes (AMITEI), em Leiria, contribuiu para diminuir e prevenir o sentimento de solidão em 50 idosos que estão no domicílio.

O projeto previa o acompanhamento de 50 idosos da União de Freguesias de Marrazes e Barosa, em Leiria, mas o apoio chegou a 78 pessoas, sendo que algumas desistiram “por diferentes razões”.

Com o objetivo de minimizar o sentimento de solidão em 25%, o projeto “superou as expectativas”, assumiu o coordenador Miguel Mesquita, durante a apresentação do balanço do Super@Solidão.

“Conseguimos diminuir o sentimento de solidão em 50% e o índice das pessoas que iriam possivelmente sofrer de solidão também baixou. Este projeto é também de prevenção para que o sentimento de solidão apareça mais tarde ou nem apareça. Foi um sucesso e creio que é um exemplo piloto que pode ser [re]aplicado”, afirmou o também técnico superior de animação sociocultural da AMITEI.

Segundo os dados agora apresentados, que se referem a 50 beneficiários, o apoio foi prestado a pessoas com idades entre os 54 e os 96 anos, maioritariamente do sexo feminino. Destas, 68% apresentavam sintomas de solidão.

“Apesar de ser inicialmente direcionado a pessoas com mais de 65 anos, foram sinalizados beneficiários a partir dos 54 anos, que também necessitavam da nossa intervenção, sendo que a maioria das idades se situa entre os 82 e os 86 anos”, informou Miguel Mesquita.

Durante um ano, uma equipa multidisciplinar acompanhou os idosos, dando-lhes ferramentas para aprenderem a lidar com a sua medicação (evitando a polimedicação), controlo da tensão arterial e da diabetes, prevenção de quedas e exercício físico.

“Adaptámos as nossas atividades a cada pessoa de forma individual, para melhorar a qualidade de vida dos mesmos, não só a parte da solidão, mas em vários aspetos da sua vida”, adiantou a gerontóloga, Sofia Pedrosa.

O projeto contemplou ainda uma linha telefónica de atendimento, que funcionou das 09:00 às 00:00. “Todas as semanas falávamos pelo telefone. Havia sempre um desabafo ou algo que queriam contar. Servíamos também um pouco de apoio emocional”, acrescentou Sofia Pedrosa.

Foi também dada alguma literacia digital, que serviu para aproximar os idosos às novas tecnologias ao mesmo tempo que contribuiu para uma estimulação cognitiva e houve encaminhamentos para consultas de psicologia.

Candidatado ao programa Parcerias Para o Impacto do Portugal Inovação Social, Miguel Mesquita considera que o desafio futuro é “manter os idosos nos seus domicílios, mas com maior qualidade de vida, sem serem institucionalizados”.

“Se forem institucionalizados, deve haver este processo de informação e conhecimento que um lar não é só para morrer, não é uma instituição onde não se faz nada. E um centro de dia, todo ele é vida. Estes estereótipos têm de ser desmistificados”, sublinhou.

Alguns dos beneficiários lamentaram o fim do projeto. “Sentia que estava no fundo do poço. Depois de me começarem a visitar, cada semana sentia-me melhor. Foi um milagre aparecerem estas meninas, foram uns anjinhos”, disse uma das idosas, referindo-se à equipa.

“Por vezes não temos a quem recorrer para desabafar. Aceitou ouvir as minhas mágoas. Foi pena já ter acabado”, acrescentou outra beneficiária.

“Foi uma experiência maravilhosa, estava cheia de problemas e nem a queria deixar entrar” e “estava um bocado sozinha, pois a minha filha sai de manhã e só chega à noite, assim como a minha neta, e quando apareceu esta menina fiquei muito contente. Precisava de desabafar, estava sempre deserta que aparecesse. Fiquei muito triste quando o projeto terminou”, foram outros relatos.

Segundo Alexandra Neves, representante do Centro no Portugal Inovação Social anunciou que os projetos que só tiveram um ano de execução devido ao fim do Portugal 2020 terão a possibilidade de se voltar a candidatar, pelo que este poderá continuar.

“A nossa vontade é ajudar, intervir e criar autonomia na nossa comunidade, trabalhando também com as crianças e jovens, com adultos, para que voltemos a restabelecer esta rede de apoio tão importante que hoje em dia cada vez mais se perde. Essa é a nossa missão e é esse o trabalho que tentamos fazer diariamente”, não assumindo se haverá uma nova candidatura.

O Super@Solidão teve ainda o apoio de parceiros sociais, várias empresas do concelho de Leiria que se associaram ao projeto.

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