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Sociedade

Estudo deteta “diversas patologias graves” no Castelo de Leiria

Monitorização estrutural do monumento, realizada entre 2021 e 2022, encontrou vários problemas que apontam para “necessidade urgente de medidas corretivas”. Município de Leiria promete acompanhar a situação e estudar intervenções futuras.

As situações mais críticas, como as que se registavam junto à Torre Sineira (na foto), foram já alvo de intervenção por parte do município

O Castelo de Leiria apresenta um conjunto de problemas considerados graves ao nível da estrutura, identificados durante o projeto de monitorização estrutural do monumento, realizado entre 2021 e 2022.

A conclusão foi apresentada na segunda-feira, 2 de outubro, no “Workshop’23”, conferência que juntou, no Castelo e Museu de Leiria, especialistas numa jornada de apresentação de resultados das investigações arqueológicas realizadas no morro do Castelo de Leiria.

Segundo o geógrafo Nuno Ramos, que falou em representação da equipa responsável pela geomática, digitalização 3D, geofísica e geotecnia da empresa Morph, foram identificadas 19 áreas que “deviam ser acompanhadas regularmente”, sendo as mais preocupantes na Muralha Este, Porta de Pêro Alvito e Cerca da vila/Jardim das Laranjeiras (na PSP). O município já interveio nas estruturas murárias junto à Torre Sineira, que foram consideradas em situação mais grave, durante a obra no largo de São Pedro.

“Este projeto demonstra diversas patologias graves na estrutura do castelo”, disse o especialista durante a intervenção que partilhou na Igreja de Nossa Senhora da Pena. Os problemas resultam do “impacto das causas geológicas” que se refletem “nos processos degenerativos do edifício”.

A situação justifica “a implementação de medidas corretivas e preventivas” e o prolongamento da “monitorização geomética preventiva”, para “perceber o que está a acontecer no castelo”.

Além disso, serão necessários levantamentos na área da geologia “para caracterizar detalhadamente o substrato geológico” e também da engenharia civil “para o mapeamento e reparação de patologias do edificado, que seria o mais importante”, sublinhou Nuno Ramos. 

O levantamento feito ao longo de 13 meses detetou “bastantes alterações” em vários sítios do Castelo, nomeadamente na entrada, Muralha Oeste e Cerca da Vila, como movimento de rochas usadas na construção, fragmentação de blocos e, sobretudo, degração de argamassas. “Outros sítios, como na entrada do Castelo, Muralha Oeste e cerca da vila, detetámos bastantes alterações. “Houve muita perda de material, sobretudo argamassas”.

As situações, apesar de aparentarem “não ter muita representatividade”, ganham outra relevância por terem acontecido “em períodos curtos e consecutivos”, confirmando “intensa atividade em muitos dos sítios”, com consequente “gravidade dos processos degenerativos representativos do risco para a preservação destas estruturas”. 

“Leva-nos à necessidade urgente de medidas corretivas e de um estudo geológico mais detalhado do maciço dolerítico subjacente ao Castelo”, insistiu o geógrafo. 

Relativamente ao morro onde está assente o Castelo, Anabela Quintela Veiga, doutora em Engenharia Geológica e professora na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico de Leiria, admitiu, recorrendo à comparação entre imagens antigas e atuais, que o maciço possa estar mais fraturado do que há algumas décadas. Mas reconheceu faltar um estudo geológico que permita retirar conclusões. E também admitiu que o próprio estudo, pela intrusão que implica, pode ter consequências na integridade a formação.

“Se esta encosta [virada a sul] me parece apresentar alguma instabilidade, como o edificado [nessa zona da cidade] também é maior, o risco também é mais. Há mais elementos vulneráveis. Temos de estudar tudo isto”, alertou Anabela Quintela Veiga.  

Segundo fonte da Câmara de Leiria, o município “está a dar continuidade à monitorização” realizada em 2021 e 2022, para “se perceber onde é que vai intervir” e “auxiliar na elaboração do projeto” que venha a retificar as situações detetadas.

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