Ter capacidade de identificação, visual e auditiva, das espécies de aves mais comuns e meio de transporte próprio é quanto basta para participar no Censo de Aves Comuns (CAC), que decorre até 31 de maio.
Promovido pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), este é um programa de monitorização a longo prazo de aves comuns nidificantes e dos seus habitats, cujos resultados poderão vir a ser utilizados em políticas de ordenamento do território ou conservação da natureza em todo o país.
E como se pode participar? O primeiro passo é contactar o coordenador regional da área onde se pretende realizar o trabalho de campo – no caso de Leiria será Hany Alonso (caccentro@gmail.com). Depois, será atribuída uma quadrícula UTM de território, com uma dimensão de 10×10 quilómetros.
“Após uma visita inicial para selecionar 20 pontos de escuta e observação, deverá visitar cada quadrícula duas vezes durante a primavera”, explica a entidade organizadora, especificando que deverá ser em abril e maio, com um intervalo mínimo de 30 dias. É importante que os 20 pontos de escuta se encontrem em diferentes habitats e com uma distância entre si de, no mínimo, 1 quilómetro.
Cada visita deve demorar 5 minutos em cada ponto e os 20 habitats devem ser visitados num único dia, entre o amanhecer e as quatro horas seguintes – deverá terminar cerca das 11 horas na primeira visita e das 10h30 na segunda observação. “De ano para ano, os censos nas quadrículas devem ser feitos sempre nos mesmos pontos e respeitar a ordem definida inicialmente, sendo registadas todas as alterações que sejam detetadas no habitat”.
O CAC foi lançado pelo SPEA em 2004, em Portugal Continental e na Madeira, e em 2007 iniciou-se também nos Açores. Em anos anteriores, documentos que resultaram deste trabalho, como o Índice de Aves Comuns, serviu como indicador para o desenvolvimento da Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável e o Índice de Aves Comuns de Zonas Agrícolas foi utilizado na criação do Programa de Desenvolvimento Rural.
A somar a isso, indica a SPEA, em conjunto com dados de programas semelhantes de outros países da Europa, o projeto já permitiu medir o progresso no que diz respeito às metas da Convenção sobre Diversidade Biológica e da União Europeia para travar o declínio da biodiversidade.
Dados resultantes deste censo revelam que, entre 2004 e 2023, a população de andorinha-das-chaminés diminuiu 36% e algumas espécies insetívoras “têm tido um declínio preocupante em Portugal e na Europa”. Neste projeto, o trabalho de campo é realizado exclusivamente por voluntários, que são agora novamente chamados à ação.