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“Trabalhar no duro” e dedicação, os segredos de João Almeida para um bom resultado na Volta a França

Prova começa este sábado, dia 5, em Lille, e termina a 27 de julho em Paris. Ciclista de A-dos-Francos, quarto classificado em 2024, estará no apoio ao companheiro de equipa Tadej Pogacar.

Em 2024, João Almeida levou Pogacar (de amarelo) à liderança da prova. Foto de arquivo. FOTO: UAE / Luca Bettini/SprintCyclingAgency2024

Começa amanhã, sábado, um dos grandes desafios da temporada para o ciclista João Almeida.

Quinze dias depois de se ter sagrado vencedor da Volta à Suíça, o “Bota Lume” será o braço direito de Tadej Pogacar, na UAE Emirates, na defesa do título da Volta a França, conquistado no ano passado.

O ciclista de A-dos-Francos, Caldas da Rainha, foi 4.º classificado em 2024 e participa na prova pela segunda vez, numa edição que arranca a 5 de julho, em Lille, e termina a 27 de julho, em Paris.

Com uma primeira semana com etapas mais rápidas e a última em trajetos mais montanhosos dos Alpes, os espectadores esperam assistir às tradicionais “almeidadas”, mas também ao espetáculo de ciclistas de renome como Jonas Vingegaard, Remco Evenepoel, Primoz Roglic, Wout van Aert, entre muitos outros, ao longo das 21 etapas, 3.338,8 km percorridos e mais de 52 mil metros de desnível acumulado.

À agência Lusa, João Almeida atribui os excecionais resultados desta época a uma alteração nos métodos de treino, confessando ter chegado a um patamar no ciclismo em que aspirar apenas a estar no pódio “já não é bem realista”.

“Ao longo dos anos tenho vindo a experimentar diferentes métodos de treino e desde o ano passado, do início da temporada, que decidi mudar de treinador [para Javier Sola] e mudar o tipo de treino, ouvir o meu corpo, fazer o que sentia que é bom para mim, o que eu me sinto bem a fazer e acho que resulta”, começou por contar.

O ciclista da UAE Emirates atribui ao “muito trabalho” realizado os excelentes resultados de 2025, nos quais se tornou o primeiro ciclista de sempre a vencer as Voltas à Suíça, Romandia e País Basco na mesma época e o primeiro desde o britânico Bradley Wiggins, em 2012, a ganhar três das sete principais corridas de uma semana no mesmo ano – as outras são o Paris-Nice, o Tirreno-Adriático, a Volta à Catalunha e o Critério do Dauphiné.

“Não há grandes segredos, é trabalhar no duro e dedicação, mas podemos trabalhar no duro de uma forma que seja melhor para nós e da maneira correta”, defendeu.

Apesar dos sucessos recentes, o caldense, de 26 anos, garante que a confiança conquistada com estas vitórias “não muda muita coisa”.

“O passado não nos dá garantias e as pernas é que ganham as corridas. Posso já ter ganho bastantes corridas, mas se chegar ali numa forma física menos boa, sei que com más pernas não vai dar para ganhar”, notou.

João Almeida reconhece que, pelo estatuto que ganhou no pelotão e pelo palmarés que tem, já chegou “a um patamar e a uma altura em que ir para fazer o pódio, para o top 5, para além de já não ser aquela satisfação, já não é bem realista”.

“Desde o início da temporada, todas as corridas a que vou, sou líder e vamos com o objetivo de ganhar”, acrescentou.

A exceção é mesmo a Volta a França, onde estará no apoio a Tadej Pogacar, o campeão em título que procura igualar os quatro triunfos do britânico Chris Froome.

Para estar no Tour, João Almeida falhou a Volta a Itália, uma ‘grande’ que poderia ter vencido atendendo ao percurso e à concorrência.

“Só estando lá é que íamos descobrir, mas claramente acho que era um Giro bastante bom para mim. Mas acho que fiz bem em fazer o calendário que fiz. Marquei três grandes corridas do calendário com vitórias e que vão ficar no meu palmarés para sempre. Mas claramente uma grande Volta é o próximo objetivo”, admite.

E essa ‘lacuna’ no palmarés do ciclista de A-dos-Francos (Caldas da Rainha), que foi terceiro no Giro2023 e quarto no Tour2024, na Vuelta2022 e no Giro2020, pode até ser colmatada ainda este ano, já que tem previsto participar na Volta a Espanha.

“Tenho a Vuelta no calendário. Só se alguma coisa também não correr como previsto, é que sairei [da equipa]”, disse sobre a prova que começa em 23 de agosto, em Turim (Itália), e acaba em 14 de setembro, em Madrid.

João Almeida não pensa em igualar Joaquim Agostinho

Igualar Joaquim Agostinho não é algo que João Almeida ambicione, garantiu o atleta da UAE Emirates, defendendo que o ciclismo atual é “muito mais rico” do que quando o falecido corredor foi terceiro no Tour.

“Não é algo que esteja muito presente também na minha cabeça. Dou o meu melhor, tento maximizar o que tenho, as minhas pernas. É sempre bom quando se ganha corridas e tem-se resultados”, afirmou.

João Almeida é tão pragmático nas declarações como é na estrada: prestes a iniciar a sua segunda participação na Volta a França, o corredor de 26 anos desmistifica a possibilidade de equiparar-se a Agostinho, o único português a subir ao pódio da maior corrida do mundo.

Foi na década de 1970 que o ciclista, nascido em Torres Vedras em 7 de abril de 1943, ocupou por duas vezes o último degrau do pódio final da ‘Grande Boucle’, mais concretamente em 1978 e 1979, um feito inédito e não mais replicado.

Vice-campeão da Vuelta1974, o antigo corredor que morreu em 1984, na sequência de uma queda sofrida durante a Volta ao Algarve, parecia inalcançável até ao aparecimento de João Almeida, que já soma seis classificações (em oito participações, duas terminadas precocemente devido a doença) entre os 10 primeiros em grandes Voltas e que foi quarto na estreia no Tour, no ano passado.

“São alturas de ciclismo diferentes, não é? A minha e a dele. Portanto, mesmo que o igualasse, acho que não poderíamos dizer exatamente que era igual, porque são alturas bastante diferentes. Hoje em dia, é um ciclismo muito mais rico. Com muito mais informação…”, avaliou o corredor de A-dos-Francos.

Para Almeida, na altura de Joaquim Agostinho, que ficou 11 vezes no top 10 em grandes Voltas, existia “um ciclismo mais de força pura”, “mais rijo, se calhar”, com a modalidade a ser muito mais competitiva hoje em dia.

Comparações à parte, o jovem (e)leva atualmente o ciclismo português como o fazia aquele que ainda é o melhor voltista nacional da história e estará na 112.ª edição da ‘Grande Boucle’, que arranca no sábado, como um dos dois representantes nacionais – o outro é Nelson Oliveira (Movistar).

Aconteça o que acontecer até 27 de julho, dia em que o Tour termina em Paris, o ciclista da UAE Emirates é já o segundo melhor português de sempre na prova e o primeiro a fechar as três grandes Voltas no top 5.

Ao concluir a estreia no Tour na quarta posição, Almeida superou o quinto posto de José Azevedo em 2004 e ‘aproximou-se’ de Agostinho.

Depois de, em 2023, ter sido o primeiro português a concluir a Volta a Itália entre os três primeiros, fechou a passada ‘Grande Boucle’ com um feito inédito: foi o primeiro luso a figurar nos cinco primeiros de todas as grandes Voltas, já que também foi quinto na Vuelta2022 – haveria de subir a quarto com a desclassificação de Miguel Ángel López.

A sua história nas três ‘grandes’ começou com o quarto posto no Giro2020, em que escreveu uma das mais bonitas páginas do ciclismo português, depois de 15 dias como líder da geral da ‘corsa rosa’.

Nesse ano, mais do que melhorar o registo de José Azevedo, que, em 2001, no papel de gregário do espanhol Abraham Olano, foi quinto – o mesmo lugar que alcançou no Tour2004 -, o ‘miúdo’ de A-dos-Francos fez Portugal sonhar com um inédito triunfo numas das grandes Voltas.

Seguiu-se o sexto lugar de 2021, a desilusão por covid-19 no ano seguinte, que ‘redimiu’ com o quarto posto na estreia na Vuelta, prova em que foi nono em 2023.

O corredor da UAE Emirates não conhece mesmo outra realidade nas grandes Voltas a não ser os 10 primeiros, tirando os percalços de 2022, quando lutava pelo pódio final da ‘corsa rosa’ e um positivo à covid-19 o tirou de prova, e 2024, quando também desistiu da Vuelta por ter contraído o mesmo vírus.


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