A criopreservação de ovócitos e tecido ovárico mudou o paradigma da medicina reprodutiva. Em que momento percebeu que esta técnica podia transformar vidas?
Em 2008 tomei conhecimento de que havia nos Estados Unidos da América uma iniciativa liderada pela professora Teresa Woodruff que estava a começar a dar os primeiros passos na criopreservação de ovos e de tecido ovárico em doentes oncológicos. Tinha, inclusive, inventado o termo “oncofertilidade” dois ou três anos antes. Na altura, estava na comissão de coordenação oncológica do Hospital da Universidade de Coimbra e resolvi fazer um questionário muito simples – perguntar aos médicos oncologistas o que é que eles faziam com os doentes oncológicos jovens em termos de preservar a fertilidade. E não faziam nada. Face a esses resultados, além de organizar um congresso para tentar alertar para o facto de já ser possível fazer alguma coisa, resolvi começar a fazer congelação de tecido ovárico e de espermatozoides. Fui com uma técnica a Copenhaga, na Dinamarca, a um centro que já fazia congelação de tecido ovárico, para aprender e começámos a dar os primeiros passos em 2010, na altura em casos de meninas com tumores muito agressivos.
A Medicina de Reprodução não é um luxo, mas uma forma de preservar a esperança
Num país onde a medicina reprodutiva ainda dá passos cautelosos, Teresa Almeida Santos ergueu um centro pioneiro em Coimbra, onde lidera uma equipa que congela óvulos e espermatozoides para preservar a fertilidade e guardar sonhos, proteger futuros e oferecer esperança a quem enfrenta o cancro