Uma falha no sistema de saneamento da Nazaré, que resultou numa descarga de águas contaminadas junto ao emissário submarino, obrigou à interdição de banhos nos dias 1 e 2 de agosto. A decisão foi tomada pela delegação de saúde pública, após dezenas de relatos de sintomas como vómitos e diarreia entre banhistas.
A situação gerou fortes críticas à Câmara, com acusações de falta de comunicação, ausência de medidas preventivas e atraso na resposta à situação.
Num comunicado enviado às redações, a Câmara da Nazaré afirma que os quadros clínicos apresentados pelas pessoas afetadas permitem “concluir que se tratou de uma infeção bacteriana, e não viral”.
Na reunião de Câmara, que decorreu na passada segunda-feira, o presidente da Câmara, Manuel Sequeira, que estava de férias durante a ocorrência, assumiu responsabilidades e lamentou o impacto negativo para a imagem da Nazaré: “Estou cá para dar o peito às balas e pedir desculpa aos lesados. E os lesados são muitos, não só pela questão da saúde, mas também na economia local”.
Já o vereador Salvador Formiga, com o pelouro do Ambiente, detalhou a cronologia dos factos e defendeu a atuação da autarquia: “A Câmara atuou agora como sempre fez ao longo das últimas décadas, pelo que não existe um protocolo formal de ação sobre como se deve agir nestas situações. É consequência de décadas de falta de investimento nas infraestruturas de saneamento e a responsabilidade deve ser partilhada”.
Para a vereadora do PSD, “a grande falha não foi o acontecimento, que não deveria ter acontecido”, mas “a falta de humildade que houve”, nomeadamente do vereador do Ambiente.
“Logo que as pessoas começaram a colocar vídeos e a falar acerca do assunto deveria ter vindo a público pedir desculpas pelo ocorrido e dizer que ia interditar a praia”, acrescentou Fátima Duarte, lamentando o “silêncio” da autarquia.
Também António Caria, vereador da CDU em substituição, foi contundente nas críticas: “Não aceitamos que, em pleno século XXI, continuem a existir descargas de esgoto diretamente no mar, através de condutas que supostamente já deveriam estar desativadas”.
Apesar do sucedido, o presidente da Câmara garantiu ao REGIÃO DE LEIRIA que não está em causa a distinção da bandeira Azul.
Os resultados da análise da água, divulgados ontem no site da Câmara, revelam que no dia da recolha da amostra, a 1 de agosto, a qualidade da água estava excelente.
“Embora se admita a possibilidade de ter estado em causa a bactéria Escherichia coli, a natureza exata da bactéria não pôde ser confirmada devido à realização tardia das análises laboratoriais”, admite a autarquia.